terça-feira, 24 de julho de 2012

Paraná: Faturamento da agropecuária atinge recorde de R$ 50,4 bilhões


O Valor Bruto da Produção (VBP) Agrícola paranaense, que expressa o faturamento do setor, atingiu R$ 50,4 bilhões na safra 2011. O resultado superou as expectativas e ultrapassou o recorde obtido em 2008, de R$ 47,59 bilhões. A produtividade das lavouras de soja e milho e a produção de frango de corte foram os fatores que mais colaboraram para o resultado final, que corresponde a aumento de 4,7% sobre o ano anterior.
O levantamento final foi divulgado nesta sexta-feira (20) pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. Para o secretário da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, o recorde histórico do VBP 2011 reflete a combinação de bons preços pagos pelo mercado à maior parte dos produtores com a busca contínua pelo aumento da produtividade.
A versão preliminar do VBP, calculado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), já foi repassada aos municípios. O resultado do VBP de 2011 será utilizado pela Secretaria da Fazenda para compor a cesta de índices que forma o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), influenciando a distribuição do FPM de 2012.
Segundo Ortigara, nas últimas duas décadas o produtor paranaense está conquistando ganhos de produtividade, refletindo o elevado grau de profissionalismo com que é conduzida a atividade agrícola em todo o Estado. “Percebendo os bons resultados, o produtor vem se aplicando cada vez mais em tecnologia e capacitação”, afirmou.
PARTICIPAÇÃO – A agricultura lidera a participação no VBP, com 52% de contribuição no faturamento bruto da produção, capitaneada pelo avanço da produção e renda da soja. A participação da pecuária no VBP ficou em torno de 42% e a da produção florestal, em quase 7%.
“Todos os setores que compõem a agropecuária paranaense tiveram aumentos no Valor Bruto da Produção”, disse o diretor do Deral, Francisco Simioni. Mas o produto que mais contribuiu com a renda da safra 10/11 foi a soja, que proporcionou faturamento bruto aos produtores paranaenses de R$ 10,9 bilhões, apontou. “Esse valor é resultado do aumento de 9% na produção de soja e dos preços praticados na safra de 2011, que elevaram o VBP da cultura em 30% em relação à safra anterior”, justificou.
SAFRAS – A produção de milho recuou na primeira safra de 2011 e na segunda safra houve a ocorrência de fatores climáticos, como geadas seguidas de chuvas, que prejudicaram a produção. Mas o aumento nos preços pagos aos produtores compensou as perdas no volume de produção e o milho foi o grão com maior elevação no VBP, depois da soja. O faturamento bruto da cultura em 2011 foi de R$ 4,8 bilhões, um crescimento de 25% sobre 2010, quando atingiu R$ 3,7 bilhões.
A cana-de-açúcar teve queda de 9% no volume de produção, mas o aquecimento das cotações do açúcar no mercado internacional elevou o VBP da cultura em 21%. Com faturamento de R$ 2,2 bilhões em 2011 (R$ 400 milhões a mais que no ano anterior), a cana de açúcar assumiu o lugar antes ocupado pela produção de toras para serraria e laminadora.
O setor florestal, correspondente à produção das serrarias e laminadoras, apresentou queda de 5% no faturamento bruto em relação a 2010, devido à redução nos preços dos produtos. A renda deste grupo ficou em R$ 2 bilhões.
O VBP do trigo apresentou redução expressiva, de 39%, caindo de R$ 1,5 bilhão na safra 2010 para R$ 1,0 bilhão na safra 2011. “Isso ocorreu porque o trigo teve redução de área, de produção estimada e nos preços praticados”, explicou a economista do Deral Fernanda Yonamini.
PECUÁRIA – Mantendo a tendência de crescimento, a produção de frango de corte foi o segundo produto que mais contribuiu para a elevação do VBP em 2011, quando atingiu faturamento bruto de R$ 6,5 bilhões, resultado 19% acima do VBP de 2010, que foi de R$ 5,4 bilhões. Esse resultado foi impulsionado pela combinação do aumento de 8% nos abates de frango e de 3% nos preços recebidos no ano passado pelos avicultores.
A produção de leite também continua crescendo no Paraná e desponta como importante gerador de renda aos produtores. Em 2011, a bovinocultura de leite foi responsável pela geração de R$ 3,2 bilhões em renda bruta aos produtores. Esse resultado foi proporcionado pelo aumento de 8% na produção e na elevação de 5% nos preços pagos ao produtor em relação a 2010, o que contribuiu para um aumento de 21% no VBP de 2011.
Segundo o Deral, a carne bovina teve desempenho positivo uma vez que a queda no número de abates de 8% foi compensada pelo aumento dos preços praticados. Desta forma, a renda da carne bovina em 2011 foi de R$ 2,3 bilhões, levando o VBP a uma variação positiva de 7% em relação ao ano anterior.
A produção de carne suína continua instável. No ano passado, na expectativa de aumentar as exportações, aprodução de carne suína subiu. Mas as exportações não reagiram na mesma proporção que a produção e os preços caíram 9% em relação ao ano anterior. Apesar disso, o VBP da carne suína aumentou 14%, levando a renda do setor a atingir R$ 1,8 bilhão.
MUNICÍPIOS – Os municípios de Toledo, Castro e Cascavel foram os que mais contribuíram com a renda bruta da agricultura paranaense em 2011. Toledo foi o campeão, com um faturamento bruto de R$ 1,2 bilhão, no qual se destaca a produção de suínos (que gerou uma renda de R$ 292,5 milhões), frango de corte (R$ 190 milhões) e soja (R$ 156,9 milhões).
O município de Castro atingiu faturamento bruto de R$ 956,1 milhões, com destaque para a a produção de soja, leite e frango de corte que proporcionaram rendas de R$ 198,6 milhões; R$ 171,6 milhões e R$ 104.4 milhões, respectivamente. Cascavel foi o terceiro município que mais contribuiu com o VBP paranaense de 2011, com um faturamento bruto de R$ 853, 5 milhões, obtido com a produção de soja, frangos de corte e pintinhos de corte.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Soja salva balança comercial brasileira



Eraí Maggi Scheffer, conhecido como "o rei da soja", está empolgado com a próxima safra. Vai plantar em Mato Grosso 220 mil hectares do grão, o equivalente amais de 200 mil campos de futebol. A cultura vai tomar espaço do algodão e das pastagens e a área planta da vai crescer quase 24% em relação à safra anterior. "É uma alta expressiva. Todos os agricultores estão animados."
Em meio a uma das mais graves crises da economia global, os agricultores brasileiros se preparam para plantar a maior safra de todos os tempos, que pode levar o Brasil a superar os Estados Unidos e se tornar o maior produtor de soja do mundo. O motivo é o preço do grão, que nunca esteve tão alto. A soja voltou a ser o principal produto da pauta de exportação e está salvando a balança comercial do País.
Na sexta-feira, o preço da soja bateu US$ 17,57 por bushel (27,2155 kg) na bolsa de Chicago, uma valorização de 15% desde o início do mês, quando uma forte seca atingiu as lavouras nos EUA. Antes desse rally, o recorde era de US$ 16,50 por bushel, marcado antes da quebra do Lehman Brothers em 2008. No porto de Paranaguá (PR), a saca (60 kg) de soja chegou a impressionantes R$ 85. Em Sorriso (MT), apesar de todas as deficiências logísticas, os produtores recebiam R$ 73,5 por saca.
"Como não importamos praticamente nada, a soja é superávit na veia", afirma Amaryllis Romano, analista da Tendências Consultoria. No primeiro semestre, as exportações de grão, farelo e óleo atingiram US$ 15,9 bilhões, mais de duas vezes o superávit do País, que vem minguando por causa da queda dos preços do minério de ferro e da menor demanda por produtos manufaturados. A participação da soja nas exportações atingiu 13,6%, ultrapassando o minério, com 12,7%.
O rally da soja é consequência de uma das piores secas da história dos Estados Unidos. Segundo Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras &Mercado, a soja está na fase de floração e formação do grão nos EUA, um momento crítico para a falta de chuva. Por enquanto, 4 milhões de toneladas já foram perdidas. "Se não chover no próximo mês, as perdas serão mais severas."
Os estoques mundiais do grão já vinham baixos desde o ano passado, quando Brasil e Argentina também tiveram prejuízos por causa do clima. Até agora, os três maiores produtores de soja perderam juntos 21 milhões de toneladas, quase 10% da produção mundial. "É uma quebra importante. A China continua com uma fome danada e, apesar da crise, a Europa também não deixou de comer", diz Fábio Trigueirinho, secretário executivo da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove).
Como faltou produto, o preço disparou. "O pessoal está rindo sozinho", admite Aroldo Gallasini, diretor-presidente da Coamo Agroindustrial Cooperativa, de Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná. "Em 20 dias, mudou todo o cenário para a agricultura brasileira."
Supersafra. É nesse clima de otimismo que os agricultores começam a plantar a safra 2012/13 a partir de setembro. Para a Agroconsult, a área plantada de soja vai aumentar 10%, para 27,9 milhões de hectares. Se o clima não atrapalhar, a colheita pode chegar 83 milhões de toneladas, alta de 25% sobre a temporada 2011/12 e volume superior aos80 milhões de toneladas previstos pela consultoria para os EUA.
A Safras & Mercado estima a safra 2012/2013 em 82,3 milhões de toneladas, quase igual aos 83 milhões dos americanos. "Se o clima continuar ruim nos EUA, o Brasil pode ultrapassar e ocupar o posto de maior produtor do mundo", diz Gutierrez. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê uma safra de 83 milhões de toneladas para os EUA e 78 milhões de toneladas para o Brasil.
Segundo Marcos Rubin, analista da Agroconsult, o forte crescimento da produção de soja na safra 2012/13 será uma consequência da perspectiva de rentabilidade do agricultor, que hoje é excelente. Além das cotações internacionais recordes, o setor também é favorecido pela desvalorização do câmbio, que elevou os preços recebidos em reais.
"É um bom momento, não há como negar. Os custos também subiram e boa parte da safra atual já estava vendida. Mas, sem dúvida, teremos um ritmo de crescimento chinês na próxima safra", diz Carlos Fávaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).
A comercialização da nova safra está acelerada. Os agricultores brasileiros já venderam, em média, 35% da produção que não foi sequer plantada, porcentual superior a média de 10% desta época. Segundo Cleber Noronha, analista do Instituto Matogrossense de Economia Agrícola (Imea), esse porcentual já chega a 65% em Mato Grosso.
Nos próximos anos, EUA e Brasil devem disputar a liderança global de produção de soja no mundo, mas a tendência é que os brasileiros se consolidem no topo porque, mesmo sem aumentar o Desmatamento, o País ainda pode elevar significativamente sua área plantada. O Brasil ainda deve produzir outros "reis da soja" como Eraí Maggi Scheffer.
Fonte: O Estado de S. Paulo

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Gaúchos vão instalar usina em Ponta Grossa



Oleopan investirá R$ 50 milhões na construção de uma unidade nos Campos Gerais. Operação deve começar até setembro de 2013

A Oleoplan, empresa gaúcha que atua há cinco anos no mercado nacional de produção de biodiesel, anunciou que vai investir R$ 50 milhões na construção de uma usina de biodiesel à base de soja no distrito industrial de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. A terraplanagem deve começar no mês que vem e a usina deve entrar em operação até setembro de 2013.

A prefeitura de Ponta Grossa cedeu o terreno à empresa, que tem sede em São Leopoldo (RS), ainda em 2009. O projeto atrasou porque a empresa esperava a autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e por alterações no projeto original. No terreno de 200 mil metros quadrados será construído o primeiro módulo da fábrica, com 40 mil metros quadrados. Com o pleno funcionamento da usina, a intenção é produzir 1 milhão de litros de biodiesel por dia. O principal cliente da empresa hoje é a Petrobras. A previsão é gerar entre 70 e 100 empregos diretos.

Conforme o diretor industrial da Oleoplan, Domingos Costella, outras cidades competiram com Ponta Grossa, mas a escolha pelo município se deu em razão da logística e da oferta de matéria-prima da usina. "Além disso, Ponta Grossa tem uma boa logística que liga a região a São Paulo e ao Porto de Paranaguá", completa Costella.

Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), a safra de soja 2011/12 da região de Ponta Grossa rendeu 1.626.900 toneladas - uma das maiores produções do estado.

Costella lembra ainda que o projeto em Ponta Grossa não é uma transferência de unidade, mas sim uma nova planta industrial. Até o momento, a Oleoplan só tem unidades instaladas no Rio Grande do Sul. O secretário municipal de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional de Ponta Grossa, João Luiz Kovaleski, disse por meio da assessoria de imprensa que a nova usina representa mais uma alternativa para os produtos da região. "O que tem nos preocupado é a geração de matéria-prima que não seja somente para o óleo de soja", afirmou.

Duas usinas de biodiesel já foram anunciadas no passado na região dos Campos Gerais e não foram implantadas. Em Tibagi, seria instalada uma usina com capacidade para processar 6,6 mil toneladas de soja por dia. Em Palmeira, seria construída uma usina com recursos da Petrobras.


Gazeta do Povo Online - Curitiba/PR - ECONOMIA 

terça-feira, 17 de julho de 2012

Após 6 horas, comissão aprova texto-base da MP do Código Florestal


Após mais de seis horas de reunião, a comissão mista criada para analisar a medida provisória que muda Código Florestal aprovou o relatório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC). Foram 16 votos a favor e quatro obstruções (deputados que se abstiveram de votar para tentar impedir que fosse alcançado número mínimo de parlamentares necessários para a votação).
Os parlamentares analisarão os mais de 300 destaques, que são propostas de alteração ao projeto, no dia 7 de agosto, após o recesso parlamentar.
A MP do Código Florestal foi assinada pela presidente Dilma Rousseff para preencher os vácuos deixados com os vetos ao novo Código Florestal aprovado pelo Congresso – segundo o governo, os vetos tiveram objetivo de favorecer a preservação ambiental. O relatório da MP flexibiliza as regras de recomposição nas margens de rios, mas o texto é alvo de críticas dos próprios ruralistas, que afirmam que haverá perdas para os produtores.
Insatisfeitos, ruralistas tentaram adiar ao máximo a análise do texto, com longos discursos e pedidos de adiamento. O deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), da bancada ruralista, apresentou voto em separado (alternativo ao texto do relator), com artigos que beneficiam os agricultores. O texto, contudo, não prevaleceu.
Para viabilizar a aprovação do relatório, Luiz Henrique fez modificação de última hora no texto. Ele permitiu aos produtores das áreas de cerrado da Amazônia Legal o uso livre de metade da propriedade, mesmo que a soma da reserva legal e da Área de Preservação Permanente (APP) represente mais que 50% do terreno.
O mesmo artigo do texto limita a soma de reserva legal e área de preservação permanente a 80% da propriedade nas áreas de floresta da Amazônia Legal, e 50% nas demais situações. Desse modo, o produtor terá garantido o uso de metade da propriedade ou 20% dela, no caso da Amazônia, mesmo que a vegetação nativa exceda esses percentuais.
Apesar de ser da bancada ruralista, a senadora Kátia Abreu (PSD-MT), defendeu o relatório de Luiz Henrique. “É óbvio que o ideal era que cada estado pudesse elaborar a sua própria legislação, respeitando as diferenças geográficas. Mas o texto do relator já é um avanço muito grande em relação ao que temos hoje”, afirmou.
Outros parlamentares ligados ao agronegócio, como o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), criticaram o relatório. Eles desejavam, sobretudo, que fosse reduzida para 15 metros a recomposição exigida dos médios produtores em áreas de plantio na margem de rios que estão entre as Áreas de Preservação Permanente (APPs), consideradas frágeis e necessárias para a conservação das águas.
A medida editada pela presidente Dilma Rousseff exige a recomposição de pelo menos 20 metros nas margens dos rios com até 10 metros para produtores com propriedades de tamanho entre 4 e 10 módulos.
Luiz Henrique apresentou uma alternativa aos 20 metros estabelecidos por Dilma, sem reduzir para 15 m, como reivindicam os produtores. O texto do senador mantém a exigência de recompor 20 metros, mas limitado à ocupação de 25% da propriedade.
“Pergunto quem vai pagar a conta? Qual é a fonte que vai pagar ao produtor rural o que ele vai deixar de produzir [em áreas de preservação permanente]?Temos que saber qual é a fonte que vai arcar com o que o produtor deixou de lucrar. Senão é benefício com chapéu alheio”, criticou Ronaldo Caiado.
Acusado pelos ruralistas de “ceder às pressões do governo”, o relator afirmou: “Eu não aceito nem aceitei pressões. O que busquei foi o consenso. Não adianta colocar coisa aqui que a presidenta vai vetar. Vai ser um gesto inútil!”
Por sua vez, os ambientalistas, representados pelo PV, também criticaram o relatório e acusaram Luiz Henrique de só ceder aos ruralistas. “O relator não acatou nenhuma das nossas emendas, nenhuma emenda ambientalista. Esse parecer está tendencioso”, disse o deputado Zeca Sarney (PV-MA).

O PV criticou a supressão por Luiz Henrique dos parágrafos 9º e 10º, do artigo 4º, da MP, que estabeleciam as regras para definição de APPs nas áreas urbanas. O partido também condenou mudanças feitas no artigo 35º da MP que, segundo ambientalistas, possibilitam ao produtor recompor matas destruídas em áreas de preservação com plantio de “espécies frutíferas e exóticas”. Para o PV, o texto abre caminho para que o reflorestamento não seja feito com espécies nativas.
O relator, contudo, diz que o artigo só libera esse tipo de plantio onde não há reserva legal e APP. Outra crítica dos ambientalistas é quanto à possibilidade de o agricultor ter acesso a crédito e financiamento público apenas com a inscrição no Cadastro Ambiental Rural- CAR, sem ter que apresentar prova de isenção ambiental e legal. Assim, o produtor não precisará mais comprovar que está dentro da legalidade no tocante à conservação da reserva legal.
Antes da votação do texto, Luiz Henrique afirmou que a MP do Código Florestal “é o projeto da conciliação nacional.” “Servirá para garantir a conservação e assegurar a missão nacional de alimentar seu povo e alimentar o mundo. Posso falar com toda a independência que a presidente da República merece uma grande homenagem dos mais de 90% de produtores brasileiros que foram homenageados com essa proposta”, disse. 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Aprovado relatório sobre MP do Novo Código Florestal


Depois de seis horas de discussões, a comissão especial da Medida Provisória 571/2012, que complementa o novo Código Florestal, aprovou ontem o texto do relator...



Depois de seis horas de discussões, a comissão especial da Medida Provisória 571/2012, que complementa o novo Código Florestal, aprovou ontem o texto do relator da matéria, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC). Nele há modificações que o relator afirma ter combinado com o governo, mas que desagradaram tanto aos ambientalistas como aos ruralistas por flexibilizar a preservação na Amazônia e em zonas de cerrado na região e em médias propriedades nas matas ciliares de rios com até 10 metros de largura.

Por 16 votos a favor e quatro obstruções, o relatório foi aprovado. Os 343 destaques sobre a matéria serão votados em agosto, quando deverão ir, primeiramente, ao plenário da Câmara dos Deputados, e mais tarde, ao Senado. A MP perde a validade no dia 8 de outubro.

Segundo Luiz Henrique, "as propostas que foram combinadas com o governo, foram incluídas no texto. Já as mudanças às quais o governo discordou e que não tiveram consenso com os parlamentares, foram excluídas". Ele acatou 100 das 600 emendas apresentadas pelos parlamentares

"Apenas um grupo isolado não aceita que o texto da MP e do novo Código Florestal traz avanço", afirmou ao DCI o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP). "Vamos aprovar o texto da medida provisória", diagnosticou.

A MP foi editada pela presidente Dilma Rousseff para preencher lacunas deixadas no novo Código Florestal (Lei 12.651/2012) em razão dos vetos apostos. Entre os itens vetados está a eliminação da consolidação de trechos desmatados em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e a atribuição aos estados de legislarem sobre os percentuais das APPs a serem recuperados.

Em seu relatório, Luiz Henrique manteve a exigência de recuperação de 20 metros de mata ciliar nas médias propriedades, de 4 a 10 módulos fiscais. Os ruralistas queriam a redução dessa faixa para 15 metros, mas o relator concordou apenas que ela não poderá ocupar mais do que 25% da propriedade, alterando o texto da MP, no qual não há limitações em relação ao tamanho do imóvel.

Com relação à Amazônia, o texto do senador modificou a parte do parecer que trata do limite para a soma da reserva legal e das APPs, a fim de não inviabilizar economicamente uma propriedade rural. Conforme o novo texto, o imóvel rural localizado em área de floresta da Amazônia Legal deverá ter até 80% de área conservada, somando reserva legal e APP. Nas demais situações, esse limite será de 50%, o que valerá inclusive para localidades da Amazônia Legal onde o bioma não seja amazônico, que é caracterizado principalmente por florestas tropicais.

Descontentes

Esta foi a terceira vez em que os parlamentares se reuniram para votar o texto da MP. Mesmo com as mudanças de última hora, parlamentares da bancada ruralista e ambientalista criticaram o texto do relator. Os ruralistas ainda tentaram obstruir a votação, mas sem sucesso.

O Partido Verde vem criticando as alterações propostas pelo relator da MP desde a leitura do texto na última terça-feira (10). Segundo o PV, todas as modificações apresentadas no documento "nada beneficiam o meio ambiente".

O relator reafirmou apenas que buscou um consenso entre governo e ruralista. Ele alegou que "incluir algo que fosse contra aquilo desejado pelo executivo seria passível de veto novamente pela presidente".

Durante a votação, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) votou contra o parecer do relator e criticou o fato de a lei ser de abrangência nacional porque o País tem suas particularidades. "Como ter faixas de preservação em torno de rios se no nordeste há seca e os rios são intermitentes?" questionou o deputado. Para ele, o texto cria uma "indústria da multa no País, pois apenas os grandes grupos poderão atender às exigências feitas pelo texto". Na visão do deputado o produtor está saindo prejudicado.

Maggi aprova

Já o senador Blairo Maggi (PR-MT), um dos principais empresários de agronegócios do Brasil, defendeu a aprovação do relatório por acreditar que a proposta traz tranquilidade ao produtor rural. Segundo o parlamentar, no período que os agricultores abriram mais áreas para as atividades agroeconômicas, os preços dos produtos caíram.

"É claro que eu queria poder utilizar 50% da floresta, mas isso não cabe neste momento. Não tenho dúvida de que, em um futuro não muito distante, outros países virão ao Brasil para dizer que um novo zoneamento deve ser feito, porque o mundo precisa de alimento", argumentou.

Para o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), o relatório criado pelo senador fez piorar o texto da medida provisória encaminhada pelo Planalto. "Ele excluiu todas as emendas sugeridas pelos parlamentares. No final, o relatório está pior que a medida provisória encaminhada pelo Executivo", analisou o deputado. Ele promete tentar recuperar os itens vetados pela presidente Dilma.


Fonte: http://www.clippingexpress.com.br/ce2//?a=noticia&nv=bL8zb5vkDAxsnIhnlivjsg

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Sem consenso sobre o Novo Código Florestal



Relatório da Medida Provisória que trata da matéria ambiental não agrada ruralistas nem ambientalistas. Votação foi adiada
O descontentamento de ruralistas e ambientalistas com o relatório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) sobre a medida provisória do Código Florestal deve empurrar para agosto — em meio ao período de esforço concentrado do Congresso — a votação do texto nos plenários da Câmara e do Senado. O parecer atendeu o governo ao manter a obrigatoriedade de propriedades de médio porte, entre quatro e 10 módulos fiscais, a recomporem uma faixa de 20 metros de extensão ao longo de rios com até 10 metros de largura.
O Palácio do Planalto aceitou a inclusão do gatilho que limita a recomposição a 25% do tamanho da propriedade. A medida, contudo, desagrada os ruralistas, que queriam a redução da faixa para 15 metros. Ambientalistas também foram contrariados com a inclusão de um artigo que admite a soma da reserva legal e da área de preservação permanente (APP) para cumprir a exigência de preservação de 80% da propriedade na Amazônia Legal, ou de 50% nas demais regiões do país.
Como resultado, as duas alas devem obstruir a votação do relatório, marcada para hoje. "A intenção é permitir que a gente tenha tempo de mobilizar mais uma vez a sociedade para que o Executivo se engaje e possa barrar uma nova investida do retrocesso na legislação ambiental", disse o presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA). Já a presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (PSD-TO) aposta em uma mudança no relatório permitindo a redução do tamanho das reservas no chamado cerrado amazônico.
"Precisamos de mais prazo para elaborar os destaques e as emendas necessárias", afirmou o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Homero Pereira (PSD-MT), ao dizer que a frente também obstruirá a sessão de hoje, impedindo a votação.
Sem consenso, a apreciação do parecer deve ficar para depois do recesso parlamentar, que começa no próximo dia 17. O problema é que o Congresso terá poucas chances de votar o texto na comissão e nos plenários das duas Casas, durante o período de eleições municipais. O calendário do "esforço concentrado" na Câmara prevê três períodos de votações — um em agosto, dois em setembro. No Senado, serão dois em agosto, um em setembro.
A MP perde validade a partir do dia 8 de outubro e, se não for aprovada até lá, deixará lacunas jurídicas no Código Ambiental por causa dos vetos impostos pela presidente Dilma Rousseff ao texto aprovado no Congresso. "Toda medida protelatória vai prejudicar o meio ambiente e os agricultores que querem produzir", disse o presidente da comissão que analisa a MP, deputado Bohn Gass (PT-RS).
DEM obstrui votações
Um impasse entre a oposição e o governo paralisou ontem as votações na Câmara. Insatisfeito com o montante de emendas parlamentares liberados para o partido, o líder em exercício do DEM, Ronaldo Caiado (GO), estipulou a próxima terça-feira como prazo para o Palácio do Planalto liberar R$ 28 milhões em emendas de exercícios anteriores — os "restos a pagar".
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi à Câmara com a promessa de liberar a verba, mais R$ 48 milhões em restos a pagar para o PSDB e R$ 4 milhões para o PPS, nos próximos 20 dias, mas o prazo não foi aceito pela oposição, que, diante do baixo quórum no plenário, conseguiu barrar as votações. Sem acordo para votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o recesso parlamentar, que deveria começar no dia 17, poderá ser suspenso. Com isso, as medidas provisórias 563 e 564, que travam a pauta do plenário da Casa, deverão ser votadas até 1º de agosto para não perderem a validade.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Porque investir no Guanandi?


Uma espécie nativa e nobre que vem conquistando, cada vez mais, seu espaço no reflorestamento comercial


Com madeira de qualidade e grande valorização no mercado, o Guanandi tem firmado seu espaço no mercado nacional e internacional. A espécie, nativa do Brasil e de outros países da América do Sul e Central, tem sido usada constantemente em plantios de reflorestamento comercial. 

Para Ivanka Rosa de Oliveira, pesquisadora da espécie pela ESALQ de Piracicaba, a madeira vem ganhando espaço e reconhecimento no meio florestal. 

A árvore formada pode alcançar uma altura que varia de 20 a 30 metros, seu tronco atinge diâmetros entre 40 e 60 centímetros e a copa arredondada, facilita o desbaste e a poda. 

Pedro Ciriello é um dos pioneiros no plantio de Guanandi no Brasil. Em uma de suas propriedades, localizada na região de Fernão, no interior de São Paulo, a floresta ocupa mais de 100 hectares, um empreendimento que, segundo ele, já está produzindo resultados com os desbastes. 

“No início foi difícil, mas agora com já começamos a sentir os reflexos positivos do investimento. Hoje recebemos produtores de todo Brasil interessados no Guanandi”, explicou.

Em sua empresa, a Tropical Flora Reflorestadora, Pedro realiza constantes pesquisas sobre a espécie e melhoramento genético na produção de mudas. 

“Vendemos mudas para quase todos estados do país. Temos uma equipe especializada para avaliação e assessoria técnica para os interessados em investir em madeira nobre, além de, constantemente, realizarmos workshops para explicar as potencialidades da espécie aqui na propriedade”, afirmou. 

Manejo

O manejo é considerado uma das principais etapas do empreendimento. Se feita de forma inadequada, a colheita pode ser prejudicada e o produto desvalorizado. 

Para o engenheiro agrônomo Eduardo Ciriello, poucas pragas e altos valores de venda para o Guanandi chamam a atenção de todos. 

“Uma assessoria técnica é fundamental nesta etapa para avaliação do solo, controle de pragas e do mato, assim como a poda e o desbaste correto”, explicou.

De acordo com Eduardo, as toras de desbaste dos primeiros anos também podem ser aproveitadas e já estão sendo processadas pela empresa.

“Aqui, já usamos toras de diâmetros menores, provenientes do desbaste de nove anos, para venda”, afirmou.
Estas toras menores tem uma alta densidade, similar a madeira com mais idade e podem ser usadas para venda de madeiras roliças e sarrafeadas, usadas na fabricação de casas ou para cabos de ferramentas. 

O fruto
Dentre as qualidades do Guanandi, ainda está o fruto. Esta é uma espécie precoce que começa a produzir já nos primeiros anos. 

Segundo o diretor comercial da Tropical Flora, Rodrigo Ciriello, a empresa possui um contrato de pesquisa para o fornecimento do óleo extraído das amêndoas que compõe as sementes para um grande fabricante de cosmético. 

Uso
Por sua boa densidade, a madeira do Guanandi é usada para fabricar barcos, mastros de navios, vigas para construção civil, assoalhos, marcenaria e carpintaria. 

Pragas
Ainda não foi constatada nenhuma praga significantemente agressiva para o Guanandi. O uso de simples inseticidas, mesmo no plantio consorciado garante o bom desempenho da espécie. 

Outras informações sobre reflorestamento comercial de madeiras nobres, implantação, manejo e perspectivas da espécie podem ser encontrados no site www.tropicalflora.com.br. 


Fonte: Tropical Flora

terça-feira, 10 de julho de 2012

Impasse sobre o Código Florestal


Leitura do relatório da MP que preenche lacunas do novo marco ambiental é adiada por desagradar tanto governo quanto ruralistas
O governo volta a enfrentar impasses com a bancada ruralista na votação da medida provisória editada para preencher lacunas jurídicas deixadas no Código Florestal com o veto da presidente Dilma Rousseff. O principal problema está nas regras de reflorestamento obrigatório nas margens dos rios.
No texto da MP, o governo determinou que propriedades de médio porte — entre quatro e 10 módulos fiscais — recomponham a vegetação em uma faixa de 20 metros, em rios com até 10 metros de largura. Em seu parecer, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) tentou afinar o discurso com o Palácio do Planalto e com os ruralistas ao propor uma espécie de "gatilho" para a regra: as propriedades só seriam obrigadas a cumprir a exigência se a faixa a ser reflorestada não superar o limite de 25% da área total da fazenda. Recurso semelhante beneficiou pequenas propriedades, de até quatro módulos.
Mas nem governo nem representantes do agronegócio aceitaram. O governo não quer mexer nas condições do reflorestamento e os ruralistas defendem a redução da faixa, de 20 metros para 15 metros. Marcada para ontem, a apresentação do relatório sobre a MP foi adiada para hoje a pedido do Palácio do Planalto, depois de uma reunião entre Luiz Henrique e os ministros Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e Mendes Ribeiro (Agricultura). A intenção do governo é analisar ponto a ponto as reivindicações dos ruralistas. Uma nova reunião está marcada para hoje, às 10h30. "Em qualquer hipótese, não havendo entendimento, eu vou arbitrar e apresentar meu relatório amanhã", disse Luiz Henrique.
A preocupação do governo é evitar problemas para a votação da MP, que terá de ser aprovada nos plenários da Câmara e do Senado antes de ir à sanção presidencial. O problema é o tempo hábil para a votação do texto, em meio ao esvaziamento do Congresso durante o período de eleições municipais. No calendário de esforço concentrado do Senado para o segundo semestre, por exemplo, estão previstas apenas nove sessões de votação — seis em agosto e três em setembro — até o prazo de vencimento da medida, que expira em 8 de outubro. Se não conseguir aprovar a MP, o governo terá de esperar até 2013 para editar uma nova medida sobre o tema, o que deixará um vácuo jurídico sobre o Código Florestal até o fim deste ano.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Dilma: agricultura familiar terá crédito de R$ 18 bi e juros baixos


A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (9) que a agricultura familiar terá crédito  de R$ 18 bilhões com juros abaixo da inflação para financiar o investimento e a produção em mais de 4 milhões de pequenas propriedades em todo o país.
No programa semanal Café com a Presidenta, ela explicou que, dentro do Plano Safra da Agricultura Familiar (2012/2013), todas as linhas de crédito terão juros de, no máximo, 2% ao ano para o investimento e 4% ao ano para custeio. “Tenho certeza de que esse Plano Safra é um forte estímulo para a nossa Agricultura Familiar”, ressaltou.
“Com esse dinheiro, o agricultor vai poder comprar máquinas e equipamentos e vai poder também gastar em custeio, isto é, em sementes, em adubo ou até contratar um ajudante na época da colheita”, explicou.
De acordo com a presidenta, cerca de 30% dos alimentos servidos na merenda de escolas públicas são provenientes da agricultura familiar, que também mantém os estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em 2012, cada agricultor poderá vender até R$ 20 mil diretamente para o governo.
Outra novidade, segundo Dilma, é que a agricultura familiar também poderá ser destinada a abastecer hospitais públicos, restaurantes universitários, presídios e quartéis de governos estaduais e municipais. “Isso é importante para o produtor, mas é bom também para os órgãos públicos, que vão comprar produtos de qualidade, frescos, saudáveis e sem intermediários.”

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O longo caminho até a economia verde


Não surpreende que na Rio+20 se tenha decidido deixar para 2014 a fixação de metas para o desenvolvimento sustentável, a vigorarem a partir de 2015 - de modo parecido com o que se fez na Convenção do Clima, deixando para 2015 a definição de compromissos de redução de emissões poluentes para cada país, mas a serem cumpridos só a partir de 2020. Como o tema inclui também a chamada "economia verde", igualmente discutida no Rio de Janeiro, as definições são dificílimas, envolvem a produção e os seus caminhos em cada país e no mundo. E aí o carro pega.
Quem leu na última segunda-feira o relato do correspondente deste jornal em Genebra, Jamil Chade, sobre as mudanças no panorama mundial, com os organismos econômicos questionando "a fronteira entre nações ricas e emergentes", tem ideia da dificuldade das transformações propostas para cada país, considerados o seu nível de riqueza, tipos de exportação e importação, obrigações equivalentes. Quem é Primeiro Mundo hoje? E quem se inclui no campo da pobreza, entre as 194 nações, se um terço da humanidade ainda cozinha em fogões a lenha (Ladislau Dowbor, Eco 21, maio de 2012)? Se já se produzem no mundo 2 bilhões de toneladas anuais de grãos, suficientes para prover cada família de quatro pessoas com 800 gramas diários? Se o PIB mundial de US$ 63 trilhões anuais, distribuído igualitariamente, desse a cada uma dessas famílias US$ 5.400 mensais? Mas como vencer a resistência e mudar critérios para 737 grupos corporativos, 75% dos quais de intermediação financeira, que "controlam 80% do sistema corporativo mundial"?
A "economia verde", disse o secretário-geral da reunião, Sha Zukang, não trata apenas de "baixo carbono", tem de ser "discutida no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza". Mas a Cúpula dos Povos não gostou: a proposta não criticava o capitalismo, as "suas formas de dominação"; seria apenas um "disfarce para mais negócios e exploração dos ecossistemas", com a ajuda de "tecnologias transgênicas e da biologia sintética" (Agência Brasil, 14/5). Ao longo dos debates, muitas críticas se centraram nas políticas de países que subsidiam fertilizantes inorgânicos, combustíveis fósseis e energias insustentáveis; contribuem para a perda da biodiversidade, com subsídios a certas culturas; e para a redução de empregos no campo, com mecanização acelerada. As operações na agricultura - acentuou-se - contribuem, só elas (fora mudanças no uso da terra e desmatamentos), com 13% das emissões globais, fora as de óxido nitroso (58%) e de metano (47%).
Quem mudará ou quer mudar esse panorama, restaurar a fertilidade do solo com insumos naturais e nutrientes "sustentáveis"? Quem será capaz de "integrar lavoura, floresta e pecuária"? Reduzir insumos químicos e herbicidas? Implantar técnicas de manejo biológico? Reduzir desperdícios na área de alimentos (1,3 bilhão de toneladas anuais, segundo a ONU)? Transferir gratuitamente tecnologias para países mais carentes, de modo a poderem caminhar nessas direções? Determinar que compras governamentais (10% do PIB) tornem prioritários esses caminhos, inclusive na exportação? E como chegar a tudo sem impor penalidades ou barreiras comerciais?
Documentos da ONU (Boletim do Legislativo n.º 2/12, Senado Federal) chegam a dizer que a transformação resultará em "melhoria do bem-estar humano e da isonomia social", e ainda com "significante redução de riscos ambientais e de escassez ecológica". Por aí se chegaria ao "bem-estar intertemporal das futuras gerações", à eliminação de "efeitos da degradação ambiental na oferta agregada"; também a um processo que conduzirá a "uma nova estratégia" e aos financiamentos globais para a "economia verde". Mas - frisam - não podem ser criadas "barreiras ambientais". E será preciso reformar o "regime global do direito de propriedade". Tudo se completará com incentivos para a "economia verde" no valor de 2% do PIB mundial, ou US$ 1,3 trilhão por ano. Por esses caminhos se conseguirá - dizem os documentos - um ganho de 60% na eficiência energética (prédios, indústria, transporte). Entrará na economia o pagamento por serviços ambientais.
A simples enumeração dos objetivos e dos caminhos mostra o quanto é complexa, controvertida, delicada a questão. Mesmo sem entrar em questões decorrentes dessas estratégias. Como, por exemplo, saber onde atuar e de quem cobrar os custos. Na exportação de commodities de países "em desenvolvimento" para países industrializados, por exemplo, quem paga: quem exporta ou quem consome? É discussão semelhante à que ainda não tem solução no âmbito da Convenção do Clima, quando se trata de saber se a redução de emissões cabe aos países que exportam produtos industriais que implicam essas emissões (como os chineses) ou aos países que os importam (como os Estados Unidos, a Alemanha e outros). É o mesmo caso da taxação sobre emissões de empresas aéreas ou de navegação marítima (5% das emissões totais): onde fazê-lo, nos países de origem das viagens ou de destino? E os países no meio do caminho?
E quando se pensa em cobrar por serviços naturais - como na agricultura, por exemplo? Há estudos que mostram um valor de trilhões de dólares anuais para serviços prestados gratuitamente pela natureza - fertilidade do solo, regulação do clima e do regime hidrológico, etc. Vão ser incluídos nos preços de exportação? E nos internos? Países em desenvolvimento (inclusive o Brasil) temem que questões como essa acabem resultando na imposição de barreiras comerciais. Ou em restrições à soberania no uso de recursos naturais.
A tese da "economia verde" é atraente. Mas seus caminhos estão povoados de obstáculos de natureza variada. Mesmo em 2014 não será fácil avançar. As realidades de um mundo diversificado - e em crise - continuarão muito fortes.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Cerca de 30% dos pequenos produtores rurais não têm sucessor


As dificuldades que os pequenos produtores rurais enfrentam para assegurar a sucessão familiar de suas propriedades foi o tema de um fórum realizado no dia 30/06/12 na Rural Show, em Nova Petrópolis (RS). De acordo com dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e apresentados pela Emater/RS-Ascar, dos 442 mil estabelecimentos rurais que existem no Rio Grande do Sul, 118 mil (cerca de 30%) não têm um herdeiro definido. 

Conforme o presidente da Emater/RS-Ascar, Lino de David, os principais obstáculos para que os produtores assegurem a sucessão dentro da família são decorrentes de fatores econômicos, como a baixa rentabilidade das pequenas propriedades, e culturais, especialmente a dificuldade das gerações mais velhas de incluir seus filhos e netos na administração dos recursos. "Os jovens começam a definir suas vocações ainda na adolescência. Não adianta os produtores esperarem até o momento em que estiverem próximos da morte para querer passar sua propriedade para os filhos, porque eles já terão escolhido outro futuro", alerta.

Conforme o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Elton Weber, uma pesquisa realizada junto a pequenos produtores rurais indicou que 32,5% dos entrevistados não sabem se um membro da família herdará suas propriedades. Além disso, conforme Weber, em 44% dos estabelecimentos rurais no Estado as famílias dos produtores já possuem ao menos um integrante cuja renda é proveniente de atividades urbanas, como emprego em indústrias ou comércio. "Precisamos de políticas públicas específicas para manter a juventude rural no campo", destacou. 

Um dos estímulos para manter as novas gerações no meio rural poderá vir no próximo Plano Safraestadual, com uma proposta, ainda em análise, para a criação do Bolsa Jovem. A iniciativa incluiria um incentivo financeiro e acompanhamento técnico nos dois últimos anos do Ensino Médio. Parte do dinheiro referente à bolsa ficaria retido e só poderia ser retirado após a apresentação de um projeto para o desenvolvimento de sua propriedade.

No entanto, o incentivo familiar também é importante para a permanência dos jovens. Para Marcos Seefeld, 22 anos, o apoio dos avós, da mãe e do padrasto foi essencial em sua decisão de continuar na atividade rural, em Nova Petrópolis. Após finalizar seus estudos em um curso de técnico agrícola, o jovem fez um contrato de parceria com o avô, passando a administrar conjuntamente as terras da família. "Sou quase uma raridade, porque a maioria dos meus amigos de infância buscou empregos na cidade", comenta.

Na área de 28 hectares, a família realiza a criação de gado leiteiro e suínos, plantio de milho e fruticultura. Seefeld lembra que recentemente foram realizados diversos investimentos na propriedade, como a implantação de um sistema de ordenha mecânica. Com isso, foi obtida uma melhoria na qualidade do leite produzido. Atualmente, a família recebe R$ 0,79 por litro, quando a média no Estado gira em torno de R$ 0,66. "Isso dá mais rentabilidade, o que ajuda na decisão de continuar acreditando no trabalho rural", afirma o jovem.

Preços de terra agrícola têm alta bem superior à inflação

Puxados pela disparada das cotações dos grãos, especialmente da soja, e pela queda nos juros, os preços médios das terras para o agronegócio no País subiram 50% em três anos, com aceleração maior nos últimos 12 meses. A tendência é as cotações continuarem em níveis elevados, apesar da desaceleração da agricultura, que afetou o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2012.

Entre março de 2011 e abril deste ano, a valorização média da terra no País foi de 16,5%, segundo pesquisa da Informa Economics FNP, consultoria especializada em agronegócio. A alta de preços é mais que o triplo da inflação acumulada no período, de 5,1%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Em abril deste ano, o preço médio de um hectare estava em R$ 6,7 mil. "É a maior cotação média registrada pela pesquisa, que começou a ser feita em 2002", afirma Nadia Alcantara, gerente técnica da Informa Economics FNP. Os preços são coletados a cada bimestre com corretores, técnicos-agrícolas especializados em avaliação patrimonial e agências do Banco do Brasil (BB), em todos os municípios do País.

A região mais valorizada em 12 meses foi a de terras para soja em Sinop (MT), onde o preço subiu 73,3% até abril, de R$ 9 mil para R$ 15,6 mil o hectare. Em seguida vem a terra para cana no Espírito Santo, com alta de 54% no período, de R$ 6,5 mil para R$ 10 mil o hectare. As terras mais valiosas do País estão em Santa Catarina, na região de Itajaí. Ali, um hectare para produção de uva, geralmente em pequenas propriedades, sai por R$ 43 mil. Neste caso, a valorização em 12 meses até abril foi de apenas 2,5%.

Passado esse boom das cotações, a perspectiva é que os preços das terras fiquem estáveis. Um forte indício de que a tendência é a sustentação das cotações em níveis elevados é o número de negócios fechados. Hoje, poucas transações de compra e venda ocorrem e o motivo é a escassez de ofertas. 

Os potenciais vendedores adiam os negócios, pois acreditam que conseguirão preços ainda maiores, especialmente no caso de terras para soja. Isso porque, apesar do ritmo mais lento da economia, aqui e no exterior, a perspectiva é que a demanda por comida não recue. "A oferta de terras é limitada, e a necessidade de produção de alimentos continua."

Também o fato de parte da crise atual ser de confiança no sistema financeiro contribui para o fortalecimento do mercado de terras. A terra acaba sendo um porto seguro para o investidor. "A desaceleração da economia não afetou o mercado de terras", afirma o corretor Atílio Benedini, dono da imobiliária Atílio Benedini Agronegócio, de Ribeirão Preto (SP), polo produtor de cana. Ele observa que, quando a taxa de juros cai, o preço da terra sobe. 

"Cair não cai", diz o corretor Claudinei Pereira, da Império Imóveis, de Guarapuava, importante município produtor de soja e milho do Paraná, referindo-se aos preços de terras do município com 80% de aproveitamento para a agricultura. A pesquisa mostra que, em Guarapuava, o avanço da soja sobre as áreas de pecuária puxou as cotações das terras tradicionalmente destinadas à engorda do gado, agora voltadas para a agricultura. Em 12 meses até abril, o preço do hectare subiu 70%.

FONTE

Jornal do Comércio
Marcelo Beledeli

terça-feira, 3 de julho de 2012

Paraná colhe o maior volume de milho safrinha de todos os tempos


O Paraná está começando a colher o maior volume de milho safrinha já produzido no Estado desde a década de 70, quando se iniciou o plantio do grão na segunda safra. Dados da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) apontam que deverão ser colhidos 10,3 milhões de toneladas de milho, o que corresponde a um aumento de 62% sobre o volume de produção do mesmo período do ano passado. 

Com o desempenho da segunda safra de milho, o Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab estima que mais da metade da produção de grãos da safra 2011/12, que está em fase final, será de milho. A pesquisa de campo referente ao mês de junho, divulgada no dia 29 de junho, projeta uma safra de 31,5 milhões de toneladas de grãos, próxima à produção do ano passado, que atingiu 31,9 milhões de toneladas.

O secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, diz que o desempenho da safra paranaense foi bom, apesar da ocorrência de seca, seguida de geadas e chuvas. "Felizmente essas ocorrências foram regionalizadas e não provocaram impactos fortes na produção de milho da segunda safra e no trigo, principais produtos cultivados durante o inverno no Paraná".

O secretário lembrou que as perdas ocorridas com a soja foram compensadas pelo aumento na produção do milho safrinha. Para os produtores também está havendo uma compensação com o aumento nas cotações dos produtos. Ele chamou a atenção para o bom desempenho nos preços da soja, que subiram 45,2% este ano. Ortigara disse que o clima foi mais prejudicial para o feijão da segunda safra, que provoca sérios impactos de aumentos de preços aos consumidores. 

Do total previsto para a safra de grãos no Paraná, cerca de 53,3%, que correspondem a um volume de 16,8 milhões de toneladas, serão de milho, informou o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni. A pesquisa mensal reavaliou a expectativa de safra do milho safrinha e constatou aumento na produtividade do grão, mesmo com ocorrências localizadas de frio e excesso de chuvas. A produtividade que estava estimada em 5.070 quilos por hectare evoluiu para 5.092 quilos, um aumento de 31% em relação ao ano passado.

A maior parte da área plantada, com cerca de dois milhões de hectares plantados com milho na segunda safra, está com a produção garantida apesar da ocorrência de geadas leves em regiões localizadas nos meses de maio e junho. Porém, a produção em outras regiões compensou e aumentou a produtividade. Ainda assim, metade da área plantada está em fase final de frutificação, podendo ainda sofrer algum tipo de impacto caso ocorram geadas ou eventos climáticos adversos, lembrou Simioni. 

Segundo ele, apesar da boa produção, o agricultor está enfrentando pressão com a tendência de queda nos preços do milho. O aumento na oferta do grão no Paraná e nos estados produtores do Centro Oeste já provocou a queda de 11% nos preços que caíram de R$ 22,50 a saca no início do ano (janeiro) para R$ 19,96 a saca, atualmente. 

Porém a expectativa é boa e o mercado está sinalizando para a possibilidade de exportação da ordem de 10 milhões a 12 milhões de toneladas de milho tendo como um dos principais destinos a China. E o Paraná certamente tem excedentes para contribuir com esse volume, lembrou Simioni. Também há expectativas de aumento das vendas de milho para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, que sofreram com a estiagem no início do ano e que precisam do grão para suprir as necessidades das fábricas de rações. 

Trigo

O trigo, ao contrário, caiu mais ainda a área plantada e os preços estão sem muita expectativa de avanço. As cotações estão estabilizadas em R$ 25,00 a saca de 60 quilos. O levantamento do Deral aponta que a redução na área ocupada com a cultura, que era estimada em 791 mil hectares previstos no mês passado, caiu para 768 mil hectares previstos esse mês. 

Segundo Simioni, esta é a menor área plantada de trigo no Paraná nos últimos cinco anos, o que retrata a insegurança e o descontentamento do produtor em relação à lavoura no Estado. Os preços de mercado estão abaixo dos custos de produção e a liquidez do produto é baixa. Existem ainda cerca de 400 mil toneladas de trigo remanescentes da safra passada que estão nos estoques do governo para serem comercializados. 

O técnico destacou que a produção deve atingir 2,24 milhões de toneladas, uma queda de 9% em relação ao ano passado. Apesar da situação, os setores público e privado estão discutindo aspectos que envolvem a melhoria da qualidade e de variedades que atendam a demanda dos moinhos e das indústrias de massas e a busca por mecanismos que promovam a sustentação de preços e a liquidez do produto. A área perdida com trigo foi ocupada pelas culturas de inverno de aveia e cevada. A aveia será utilizada para forragem e alimentação humana. 

Feijão

A segunda safra de feijão foi a que mais perdeu com o clima que atingiu em cheio a produção. A expectativa era colher 408,4 mil toneladas do grão e deverão ser colhidos 321,4 mil toneladas, uma queda de 21,3%. A produção mais afetada foi na região Sudoeste, onde o excesso de geadas e de chuvas foi mais intenso.

Com a queda na produção, os preços do feijão de cor subiram 43,4% e do feijão preto, 52,1% em relação aos preços praticados em dezembro de 2011. A saca de feijão de cor que era vendida ao redor de R$ 100,00 em dezembro do ano passado aumentou para R$ 140,00 atualmente. A saca do feijão preto que estava cotada em R$ 66,19 em dezembro passou para R$ 100,69 atualmente.

Soja

A safra de soja se consolidou em 10,8 milhões de toneladas, já incluída a redução de 30% registrada em função da seca que atingiu o Paraná entre os meses de novembro de 2011 a março deste ano. Nesse período, houve uma perda considerável de 3,4 milhões de toneladas, mas foi compensada pelo aumento nas cotações. O preço da saca de soja aumentou de R$ 40,14 em dezembro do ano passado para R$ 59,29 em junho deste ano.

O aumento nas cotações de soja ocorreu em função na redução da área plantada nos Estados Unidos e por queda de produção na América do Sul inteiro por causa da seca. 

Plano Safra 2012/13

O produtor paranaense será beneficiado com a redução nas taxas de juros que consta no Plano Safra 2012/13 da Agropecuária anunciado no dia 28 de junho de 2012 pela presidente Dilma Rousseff. O plano destina R$ 115,2 bilhões para a agropecuária. 

Para Francisco Carlos Simioni, que assistiu a apresentação do plano em Brasília, o plano agradou e deverá beneficiar os produtores paranaenses que participaram ativamente da elaboração do Plano Safra, por meio de suas instituições como a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e Ocepar.

Entre as novidades, a principal delas é a redução da taxa de juros para os médios e grandes produtores. As taxas dos financiamentos de custeio anunciadas ficaram entre 5,0% para 5,5% ao ano. 

Outra novidade do plano para o produtor é a ampliação da adesão ao Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária), que avança de R$ 150 mil por produtor/safra para R$ 300 mil por produtor/safra. Além disso, há o compromisso do governo federal de ampliar em R$ 400 milhões a subvenção ao seguro rural, que embora ainda não esteja em níveis desejados avançou, disse Simioni.

Isso permite ampliar a cobertura, que atualmente é de aproximadamente 10 milhões de hectares no País para cerca de 15 milhões de hectares durante os próximos 24 meses, avaliou Simioni. 

Para o Paraná, outro benefício do Plano Safra 2012/13 será a abertura de linha de crédito para a suinocultura que vem enfrentando momento difícil, afirmou Simioni. Segundo ele, os produtores terão à sua disposição financiamentos para retenção de matrizes com juros de 5% ao ano. 

Também foram anunciadas linhas de crédito em apoio à bovinocultura de corte e leite para aquisição de matrizes e reprodutores, segmentos em expansão no Estado e que poderão ser ainda mais fortalecidos com o aumento de crédito. 

Simioni ressaltou ainda o aumento no volume de recursos para as cooperativas de produção, uma vez que o Paraná é o estado em que esse setor é bem estruturado no apoio ao produtor rural.

Fonte: Agência de Notícias do Paraná.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Árvores plantadas podem ser uma alternativa de investimento


Quanto renderiam R$ 3 mil aplicados em uma caderneta de poupança durante 13 anos? Pelas novas regras anunciadas no mês passado pelo governo federal, seria possível resgatar não mais do que R$ 5,4 mil. Mas, se esse mesmo valor fosse investido no plantio de árvores nobres, como mogno africano, teca, ou mesmo em seringueira, acácia e eucalipto, a conta ficaria mais atraente. 



Enquanto na poupança o rendimento gira em torno de 6% ao ano, no eucalipto, por exemplo, a rentabilidade beira os 13%. Um hectare de eucalipto, em uma conta simplificada, se transformaria em R$ 36 mil após 13 anos, seis vezes mais do que a poupança tradicional. 

Nos cálculos entram apenas os custos com o preparo de solo, adubação, controle de ervas daninhas, com a compra das mudas e as receitas obtidas com a venda de 300 metros cúbicos de madeira, hoje cotada a R$ 120 o metro cúbico. “Com essa idade, a madeira pode ser vendida para o setor moveleiro”, diz o professor Márcio Lopes da Silva, da Sociedade de Investigações Florestais (SIF), departamento de engenharia florestal da Universidade Federal de Viçosa (MG). 

Segundo ele, o cultivo da madeira como poupança é uma atividade recente no País. “Olhar uma árvore como poupança é um dado novo no setor e uma tendência crescente”, diz Lopes da Silva. “A produção funciona como um fundo de investimentos e o produtor dispõe dele no momento em que achar necessário.” 

Segundo César Augusto Reis, diretor-executivo da Associação Brasileira de Florestas (Abraf), em Brasília, o cultivo da madeira é de ciclo longo, por isso, pode entrar na propriedade como atividade complementar. Muitas empresas têm programas de fomento, com doação de mudas, insumos e garantia de compra da madeira , diz. “Quem quer a madeira como poupança também pode aproveitar oportunidades como essas”, diz o diretor. 

A seringueira para a extração de borracha é outro cultivo que também está sendo visto como poupança. A pecuarista Carmen Perez e sua irmã Carolina Perez, empresária do ramo de turismo, decidiram trocar as inúmeras ofertas de títulos de renda fixa e ações pela aposta no plantio de seringueira. 

“Eu precisava de um novo desafio e também melhorar a parte econômica da pecuária”, diz Carmen. Na fazenda Orvalho das Flores, no município de Araguaiana, em Mato Grosso, na qual ela cria 3,8 mil animais da raça nelore, foram separados para o cultivo das árvores 280 hectares, do total de quatro mil hectares. Nesse pequeno pedaço de terra foram plantados 100 mil pés de seringueira, entre outubro e dezembro do ano passado. 

Dentro de 11 anos, quando a área estiver em plena produção de látex, Carmen espera ter uma renda anual de R$ 960 mil com os 100 mil pés de seringueira. “Com a renda extra, vou intensificar a área da pecuária”, diz. Se levar em consideração a produtividade anual média de uma tonelada de borracha por hectare (a R$ 3,80 o quilo), as contas de Carmen são até conservadoras. 

Em 11 anos, sua poupança verde poderia ultrapassar a casa do milhão de reais. “Cultivar seringueiras é um trabalho artesanal e requer muita mão de obra”, afirma Carmen. “O custo no primeiro ano da planta é altíssimo.” Para cada muda, até a sangria do látex, de acordo com estudo de Carmen, o custo fica em torno de R$ 16. “A adubação é constante, é preciso muita água para a planta, investir em herbicidas, além de mão de obra”, diz. 

“Hoje tenho sete funcionários somente para cuidar das plantas.” Mesmo assim, Carmen diz que o investimento vale a pena: “o mercado de borracha também não para de crescer”. De acordo com a Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor), com sede em São José do Rio Preto, até 2030 o País deve chegar a um consumo anual de um milhão de toneladas de borracha natural. Quem produzir, vai ter mercado. Ainda hoje, a produção, de 460 mil toneladas, atende apenas a 70% do consumo no mercado brasileiro. 

A irmã de Carmen, Carolina Perez, começou a investir em seringueira também de olho na forte demanda interna. Mas Carolina, que idealizou o Travelweek São Paulo, não tinha nenhuma relação com o mundo rural, até o fim do ano passado. Ela embarcou no plantio de árvores, influenciada pela irmã. Carolina comprou a Fazenda do Bosque, de 245 hectares a 10 quilômetros da Orvalho das Flores, e plantou 100 mil pés de seringueira. “Agora é cuidar da produção para o dinheiro investido também crescer”, diz. 

Fonte: Remade

Governo adota novas medidas para conter aumento de contágios

  Em razão do significativo aumento no número de pessoas contaminadas pela Covid-19 no Paraná, o Governo do Estado produziu um novo instrume...