quinta-feira, 31 de maio de 2012

Governo anuncia R$ 22 bilhões para agricultores familiares


O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas anunciou nesta quarta-feira (30) que o governo vai disponibilizar R$ 22 bilhões para ações voltadas aos pequenos produtores neste ano.
O anúncio faz parte do pacote anunciado pelo governo em resposta às reivindicações do grito da Terra Brasil, realizado anualmente pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores).
Do total de recursos, R$ 18 bilhões serão disponibilizados através de créditos do Pronaf 2012/2013 (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que deverá ser lançado pelo governo no fim de junho ou início de julho.
"A própria presidente disse na reunião: se for necessário mais recursos, nós vamos viabilizar mais recursos", disse Pepe Vargas. De acordo com o ministro, o governo não fará nenhum contingenciamento dos recursos previstos no Orçamento deste ano para a agricultura familiar. São R$ 706,5 milhões previstos no orçamento.
Os pequenos gricultores foram recebidos pela presidente Dilma Rousseff e pelos ministros Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência e Gleisi Hoffmann (Casa Civil).
O governo também anunciou a mudança na gestão do crédito para assentamentos da reforma agrária. Conforme Pepe Vargas, os assentamentos passarão a ser enquadrados no programa Minha Casa, Minha Vida. "Vamos ter um novo modelo de crédito. Nós estamos colocando o Minha Casa, Minha Vida na reforma agrária", explicou o ministro. Com a mudança, o crédito disponível para os assentados referente à "habitação" passaria de R$ 15 mil para R$ 25 mil.
O ministro Pepe Vargas afirmou ainda que o governo vai desbloquear R$ 300 milhões para assistência técnica da agricultura familiar.

CONTAG

O presidente da Contag, Alberto Broch, afirmou que houve avanços na negociações com o governo, mas disse que há temas que ainda não foram atendidos.
"Temos pontos que nós não avançamos e nós queremos deixar uma postura bastante crítica, queremos dizer aqui que o Grto da Terra não termina nesse ato, vai continuar. Por exemplo, na reforma agrária nós discordamos, nós achamos que simplesmente o descontingenciamento de recursos nós não avançamos na reforma agrária", afirmou após a reunião.

OUTRAS MUDANÇAS

- O crédito voltado ao custeio, cujo teto era R$ 50 mil, passará para R$ 80 mil ao ano;
- Ampliação do limite de financiamento do Pronaf Semi-Árido de R$ 12 mil para R$ 18 mil;
- Nova modalidade de crédito para agricultores atendidos pelo Pronaf-B. Além de crédito para investimento, também haverá uma linha de crédito para custeio, de até R4 10 mil.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Expansão da soja aumenta déficit de feijão no Brasil


Preço mais atraente da oleaginosa tem feito com que agricultores do Paraná, maior produtor nacional de feijão, abram mão do plantio do grão



Ingrediente preferido dos brasileiros, o feijão está em falta no país. A previsão é de que 600 mil toneladas do grão deixem de ser colhidas neste ano, reflexo da perda de área no campo para a soja. A consequência imediata da redução da colheita é o aumento da importação e o reajuste dos preços para o consumidor. A reversão do quadro na próxima safra vai depender da concorrência com o preço da oleaginosa e das condições climáticas.
No ano passado, o Brasil trouxe de fora mais de 200 mil toneladas do grão. Relatório divulgado no início do mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima em 150 mil toneladas as importações do feijão neste ano.
No entanto, a Correpar, corretora paranaense especializada neste segmento, aposta num déficit de 600 mil toneladas de feijão nas três safras deste ano. Para Marcelo Eduardo Lüders, analista da empresa, o aperto da oferta tende a se agravar no segundo semestre. “As causas principais são o clima e a redução da área plantada, provocada pela concorrência com a soja”, considera.
Maior produtor nacional do grão, o Paraná deve ter a sua safra de feijão reduzida consideravelmente. O engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) Carlos Alberto Salvador prefere não arriscar uma previsão, já que ainda falta colher 49% da safrinha. Porém, ele acredita que houve redução de 14% na produção no Paraná. “O produtor decide em torno daquilo que ele vai receber, então optou pela soja. Além disso, as condições climáticas não ajudaram”, diz. Das 3,8 milhões de toneladas plantadas no Brasil nas três safras de 2010/2011, 22% saíram do Paraná.
Apesar de haver 40 tipos diferentes de feijão, os mais consumidos são o preto e o carioca. Para o feijão preto, a alternativa encontrada pelo mercado tem sido importar o grão da China. A Argentina também é produtora, porém, não tem safra nesta época do ano. Já para o feijão carioca, a única solução é a substituição pelo tipo caupi, que tem aspecto semelhante, pois não há países produtores no mercado internacional. O grão é plantado apenas no Mato Grosso e na Região Nordeste do país.
China
A região Centro-Sul tem as maiores áreas de feijão preto do Paraná. A concorrência com os chineses chamou a atenção dos produtores de Prudentópolis, considerada a capital brasileira do feijão preto. “Eu sabia que os chineses plantavam, mas não que era tanto”, comenta o agricultor Darci Antonio, cerealista e dono de 36,3 hectares com o grão. Ele vai começar a colheita dentro de duas semanas, mas prevê uma quebra de 10% devido à geada fora de época, no início de maio.
O produtor Eder Renato Rickli também não acreditava na potência dos chineses. “Só falta trazer feijão da China para fazer a super feijoada da festa do feijão”, brinca, lembrando que em 12 de agosto acontece o tradicional evento para comemorar a safra e o aniversário do município. Um alento é o câmbio. “Com o dólar a R$ 2 inviabiliza a importação de feijão”, considera Rickli.
Ele plantou 200 hectares de feijão preto e acredita que terá uma quebra de 30% na produção por conta da geada. Rickli diz que, ano a ano, vem plantando menos feijão para aumentar a área de soja, pois o preço está mais atrativo. A saca de 60 quilos está cotada na casa dos R$ 31. “Além disso, a soja traz menos riscos que o feijão”, acrescenta.
Baixa produção resulta em alta nos preços
Os produtores que apostaram no feijão conseguiram bons preços. A semana passada encerrou com preços entre R$ 105 e R$ 110 para a saca de 60 quilos do feijão preto e entre R$ 180 e R$ 190 para o mesmo volume do feijão carioca. O valor é bastante superior ao mínimo estipulado pelo governo federal, que é de R$ 72.
A qualidade da produção, no entanto, caiu. “Esperava colher uns 2,4 mil quilos por hectare, mas estou praticamente encerrando a colheita e rendeu uns 2,2 mil quilos por hectare”, aponta o produtor Jesse Ricardo Gomes Prestes, que plantou 230 hectares de feijão carioca na região de Castro.
Com os preços em alta, a expectativa, conforme Everson Orlando Lugarezi, gerente da unidade de feijão da cooperativa Castrolanda, em Castro, nos Campos Gerais, é que a área plantada aumente na próxima safra. Prestes, que não é cooperado, acredita que a soja vai ditar o mercado. “Neste ano eu reduzi pela metade a área do feijão por causa da soja. Na safra que vem, tudo vai depender do preço da soja. Se estiver bom eu vou continuar diminuindo a área do feijão”, adianta. Conforme o analista Marcelo Lüders, para que o feijão carioca seja viável é importante que a saca custe pelo menos três vezes o valor da soja.
Quem prefere plantar o feijão preto, como o produtor Darci Antônio, de Prudentópolis, não reclama do preço, mas uma saída para aumentar a renda é o feijão vermelho. “Estão pagando uns R$ 180 por saca, mas o consumo ainda é muito baixo, então o predomínio na lavoura ainda é do feijão preto”, comenta.
Reflexos
Com a redução da oferta de feijão, o preço ao consumidor está alto. No disque economia – serviço oferecido pela prefeitura de Curitiba – o quilo mais barato do feijão carioca saía por R$ 4,88 e o do feijão preto por R$ 3,21.
Se a incerteza predominar no mercado, os pequenos produtores de Prudentópolis vão sentir o impacto na comercialização das sacas. Conforme o técnico agrícola da Secretaria Municipal de Agricultura Ari Borsuk que acompanha os pequenos produtores, há cerca de oito mil famílias que dependem do cultivo do feijão preto no município. “Se o preço cair mais, o trabalho vai ficar ainda mais custoso porque eles não usam maquinário, precisam arrendar a terra ou pagar os colhedores”, aponta. “Muitos pequenos já deixaram de plantar feijão e migraram para o leite ou para as frutas”, acrescenta.

terça-feira, 29 de maio de 2012

LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012 - O NOVO CÓDIGO FLORESTAL

Enfim terminou a novela do "Novo Código Florestal". Ontem foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff a Lei nº 12.651, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e altera as leis 6.938/81, 9.393/96 e 11.428/2006; revoga as leis 4.771/65 e 7.754/89 e a MP 2.166-67/01. 

Sendo assim colocando um ponto final em toda adiscussão e alvoroços que rodearam a alteração e votação da nova lei. No fim venceu o bom censo, a vontade de produzir mais com a consciência que se deve preservar, pois uma ação depende da outra.

Segue abaixo link da proposta na integra.


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Código Florestal: Os detalhes dos vetos de Dilma



Sociedade fica de olho nos vetos e modificações que Dilma publica hoje no Diário Oficial.
Apesar do evento realizado para o anúncio, na última sexta-feira, somente hoje serão divulgados na íntegra os 12 vetos e as 32 modificações que a presidente Dilma Rousseff fez ao Código Florestal. Mesmo revelando alguns pontos, Dilma preferiu que a sua decisão só fosse totalmente conhecida pela população ao mesmo tempo em que o Congresso Nacional recebesse o texto, em sinal de respeito à Casa. Especialistas, entretanto, acreditam que o anúncio em conta-gotas foi uma estratégia para destacar os pontos em que a presidente atendeu aos apelos da sociedade civil, deixando os mais espinhosos apenas para o Diário Oficial.
Para o advogado Raul do Valle,  do Instituto Socioambiental, anunciar aos poucos foi uma estratégia para chamar a atenção aos pontos caros à sociedade civil e com potencial de fazer o Brasil ter uma imagem positiva na Rio+20. A anistia a pequenos desmatadores, por exemplo, só foi revelada na sexta-feira porque foi feita uma pergunta à ministra Izabella Teixeira, mas não fazia parte da apresentação montada pelo governo para o evento.
Um dos pontos que ainda preocupa ambientalistas é a definição das polêmicas áreas consolidadas. Tanto no texto do Senado quanto no da Câmara, são assim denominados os imóveis rurais com ocupação humana anterior a 22 de julho de 2008, quando foi sancionada a Lei de Crimes Ambientais, e que tenham benfeitorias ou atividades de agropecuária, silviculturas ou pastoris. A definição de área consolidada é importante porque dela depende, por exemplo, quais áreas desmatadas precisam ser recompostas ou não. "É sempre uma dúvida o que isso significa na prática. Se pegar ao pé da letra, teremos que ver o que, na área que está sendo usada, será recomposto ou mantido", justifica o professor de Gestão em Agronegócio da Universidade de Brasília (UnB), Sérgio Sauer.
Outra preocupação é a definição da regra de pousio, área em que atividades agrícolas, pecuárias ou silviculturais são interrompidas para que a terra possa se recompor. O texto do Senado define um prazo limite — cinco anos — enquanto o da Câmara deixa em aberto. Para o professor, dessa forma, os produtores podem se eximir da obrigação de dar um uso para a terra, e abre a brecha para que não haja desapropriação para a reforma agrária.
Serão publicados hoje no Diário Oficial os vetos e a medida provisória que vão regulamentar os pontos suprimidos. A grande preocupação mesmo é se as alterações serão mantidas ou não pelo Congresso Nacional, já que tanto os vetos quanto a medida provisória que será editada precisam ser ratificados pela Casa. O governo se mostrou otimista, mas o Código aprovado pelos parlamentares não agradou o Executivo.
As mudanças
Confira o que já foi anunciado:

»  Pequenos produtores rurais, com terras de até quatro módulos fiscais, unidade de medida agrária que varia de município a município, ficam livres de reflorestar a reserva legal, área que deve permanecer intacta para a preservação do meio ambiente.
»  Todos os agricultores terão de recompor as margens de rios, a depender da largura do leito de água e do tamanho da propriedade. A faixa que deve ser replantada varia entre 5m e 100m e, no caso de pequenos produtores, não pode passar de 10% da propriedade. No texto da Câmara, somente os rios com até 10m precisavam ter as margens recompostas e em pelo menos 15 metros.
»  O dispositivo que previa os princípios que orientam o Código foi retomado no texto do Senado. Este, que é o primeiro artigo, afirma o compromisso do Brasil na preservação de suas florestas e matas nativas e os classifica como bens de interesse comum a toda a sociedade.
»  A legislação atual para áreas de reserva legal foi mantida. Os proprietários continuarão tendo de preservar de 20% a 80% do terreno, dependendo do bioma.
»  Os proprietários que não se adequarem em até cinco anos ficarão proibidos de contrair crédito rural. É esse o prazo para que atualizem o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e apresentem um plano de reflorestamento.
»  As multas ambientais, para os que desmataram ilegalmente, ficam suspensas até que o produtor conclua o seu plano de reflorestamento. Se em cinco anos o proprietário não tiver atualizado o CAR, a multa volta a ser cobrada.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Entenda as alterações feitas pelo Governo ao "Novo Código Florestal"

O governo acaba de anunciar as alterações feitas no texto de reforma do Código Florestal. Como este blogger já vinha dizendo há duas semanas, não ouve o veto total como exigiam os ambientalistas. Foram 12 vetos. Ao todo o governo fará, via "MP" Medida Provisória 32 modificações no texto aprovado pela Câmara, 14 delas recuperam o texto do Senado, 13 alteram o texto da Câmara e haverá a inclusão de 5 dispositivos novos. 


O governo não consolidou todas as áreas de produção como já era esperado. Ao contrário, fez questão de retomar a necessidade de recuperação ambiental. Todos os produtores rurais terão que ter Reserva Legal e APPs em seus imóveis. 



Houve entretanto, um escalonamento das faixas de APPs de beira dos rios. Nas propriedades entre 1 e 2 módulos rurais, a APP será de 8 metros, qualquer que seja a largura do rio. Nos imóveis rurais entre 2 e 4 módulos, os proprietários terão que recuperar 15 metros de APP. No caso de imóveis entre 4 e 10 módulos rurais, a largura da será 20 metros ao longo de rios de até 10 metros de largura, e 30 metros a 100 metros nas margens de rios mais largos.

Perguntado por um jornalista se haverá perda de área agrícola o Ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, respondeu que sim. Alguns produtores terão que destruir parte dos seus cultivos para recuperar área de APP. Segundo o Governo, pequenos produtores sem rentabilidade serão protegidos pelo novo texto, mas grandes produtores "tem condição de recuperar as áreas por sua própria conta".

Os ministros não apresentaram todas as modificações a imprensa. O texto final após os vetos e as Medidas Provisórias só serão conhecidos na segunda feira com a publicação no Diário Oficial da União.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Código Florestal pode vir a ter 12 vetos


Com a proximidade do prazo para anunciar os vetos ao Código Florestal, a presidente Dilma Rousseff voltou ontem a debruçar-se sobre o texto aprovado pelo Congresso e os instrumentos jurídicos que o governo terá de adotar para evitar um vácuo legislativo. A presidente continua a sofrer pressões para vetar integralmente o projeto. Autoridades do Palácio do Planalto, porém, citavam a possibilidade de Dilma vetar até 12 trechos a fim de impedir a concessão de anistia a desmatadores e a flexibilização das regras de proteção ao meio ambiente. O prazo de Dilma, que está analisando cada artigo do código e tentará usar a Rio+20 como vitrine para sua decisão, expira amanhã.
A ideia do Executivo é limitar ao máximo essas lacunas legislativas. Grande parte das mudanças em estudo no Palácio do Planalto poderá ser editada por meio de decreto ou medidas provisórias. Mas Dilma não quer um debate público sobre o assunto, e proibiu vazamentos à imprensa.
Ontem, Dilma chegou a cancelar uma audiência com o ministro do Turismo, Gastão Vieira. Decidiu não interromper uma conversa sobre o Código Florestal com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e outros auxiliares, estendendo uma maratona que já dura duas semanas e pelo menos cerca de 30 horas de reuniões. O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, também foi incluído nos encontros. Ele tem sido criticado por parlamentares ruralistas por não ter força nas negociações.
Segundo a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, a presidente só vetará integralmente o novo Código Florestal se for "absolutamente impossível aproveitar nada" do texto aprovado na Câmara no fim de abril. Mesmo assim, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) aprovou, por unanimidade, uma recomendação à presidente para vetar integralmente o texto.
Esse movimento também pode ser visto em outras áreas do governo. Autoridades do Ministério doMeio Ambiente acreditam que um grande número de cortes fará com que o projeto fique "manco", o que abriria espaço para um veto integral. Uma fonte do setor jurídico da Pasta chegou à conclusão de que "as conquistas do Senado são importantes, mas não têm como sustentar um monte de cortes". Por esse motivo, a fonte acredita que o veto será total, seguido de um encaminhamento que estabeleça partes do texto do Senado.
As discussões relativas ao veto
se concentram em torno dos trechos do projeto que tratam de pequenos produtores rurais, anistia a desmatadores e Áreas de Preservação Permanentes (APP). Fontes que acompanham o assunto dizem que a presidente deve flexibilizar a recomposição para pequenos agricultores, retornar as margens de APP definidas no Senado e modificadas na Câmara e não dar anistias.
No Congresso, o cenário considerado mais provável é o de que Dilma vetará vários artigos do texto aprovado pela Câmara e aproveitará o projeto de lei apresentado pelos senadores Jorge Viana (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDB-SC) para evitar as lacunas legislativas. A proposta dos senadores restabelece dispositivos retirados do código pela Câmara. Os senadores querem, por exemplo, criar salvaguardas para proteger os rios e retomar a obrigatoriedade de recomposição de florestas em todas as faixas de curso dágua. No texto da Câmara, apenas cursos dágua de até 10 metros foram contemplados com a preservação de 15 metros de mata nativa.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

IAP esclarece sobre a necessidade de responsável técnico para licenciamentos


O Instituto Ambiental do Paraná alerta seus usuários sobre a necessidade da assinatura de um técnico responsável pela área de meio ambiente em alguns empreendimentos classificados como potencialmente poluidores. A norma é estabelecida pela Lei Estadual nº 16346/2009 que considera a necessidade para aquelas atividades que estão previstas na tabela do Cadastro de Atividades Potencialmente Poluidora do Ibama.

A exigência só é feita pelo IAP para a emissão do licenciamento de Operação de alguns empreendimentos. Aqueles que não estão listados como atividades potencialmente poluidoras pelo Ibama, como pequenos produtores rurais, pequenas empresas e atividades agrícolas não necessitam da assinatura do técnico responsável. Os técnicos e funcionários do órgão ambiental estadual estão à disposição de seus usuários para o esclarecimento de qualquer dúvida.

Com a intenção de orientar os regionais, em abril de 2011, o diretor de Controle e Recursos Ambientais do IAP, Paulo Barros, redigiu um documento interno orientando os técnicos responsáveis pelo licenciamento ambiental quanto à orientação que deve ser feita aos solicitantes de empreendimentos de atividades potencialmente poluidoras. “O documento é interno e foi feito porque sentimos a necessidade de orientar os regionais quanto ao licenciamento desses empreendimentos, uma vez que percebemos algumas dúvidas pontuais de alguns técnicos”, afirma Barros.

Recentemente chegou ao conhecimento da presidência do IAP denúncias de que pessoas mal intencionadas estariam se utilizando desse documento interno para cobrar por serviços de técnicos em meio ambiente para todas as atividades que necessitam de qualquer licenciamento ou autorização ambiental. “Se os empreendimentos quiserem ter um responsável pela área de meio ambiente sem que a lei determine é ótimo, pois partimos do princípio que esses locais vão respeitar mais o meio ambiente. Porém, o que foi denunciado é o uso indevido de um documento interno do instituto para a cobrança por serviços que não são necessários”, disse o presidente do IAP, Luiz Tarcísio Mossato Pinto.

Assim como outras denúncias feitas à presidência do IAP, essa está sendo apurada pelo órgão ambiental e demais órgãos do governo a fim de encontrar os culpados pela apropriação indevida de um documento oficial. Todas as denúncias podem ser feitas aos escritórios regionais, ouvidoria e à presidência do Instituto na qual serão apuradas.

Taxas por serviços do IAP somente podem ser retiradas via boleto bancário no site do instituto, na sede ou nos escritórios regionais em nome do órgão ambiental. Qualquer outro tipo de taxa ou cobrança feita de forma diferente é ilegal. “Por isso, peço auxílio da sociedade para que não tenha medo e denuncie as irregularidades. Posso garantir que todas as denúncias são e serão apuradas. Somos servidores públicos e temos o dever de prestar contas à sociedade”, afirma o presidente.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Parlamentares ligados à agricultura defendem Código



A defesa do Código Florestal aprovado pelo Congresso no último mês dominou os debates na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural nessa quarta-feira. A maioria dos parlamentares questionou a legitimidade do Movimento “Veta, Dilma”, que, pelas redes sociais, pede o veto total ao código.
A presidente Dilma Rousseff tem até o dia 25 de maio para sancionar ou vetar o novo Código Florestal. Segundo o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), a Comissão de Agricultura encaminhou pedido de audiência com a presidente para debater os possíveis vetos.
O relator da proposta na Câmara, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), enfatizou que as críticas ao texto revelam desconhecimento. Piau reconheceu que o código saiu do Congresso com alguns problemas, como a ausência de faixas mínimas de recomposição de matas às margens de rios com mais de 10 metros de largura. Mesmo nesse caso, segundo ele, o Programa de Regularização Ambiental (PRA) previsto no código possibilita a recuperação das áreas de preservação permanente (APPs) próximas a cursos d’água.
“O Programa de Regularização Ambiental tem a responsabilidade do governo federal de traçar normas gerais e pode traçar, inclusive, as metragens à beira dos rios. Os estados complementam nas normas específicas, sem precisar de ter um metro quadrado registrado no texto do Código Florestal para que beiras dos rios e cursos d’água sejam absolutamente protegidas.”
Contrários ao código
Minoria no debate na comissão, os deputados contrários ao código aprovado pela Câmara discordaram.
Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), o Programa de Regularização Ambiental não pode ficar sem parâmetro para recomposição das chamadas APPs. Bohn Gass e o deputado Sibá Machado (PT-AC) apresentaram projeto com metragens escalonadas para recuperação das matas ciliares (PL 3835/12) em pequenas propriedades, onde as APPS teriam entre 5 e 100 metros, dependendo do tamanho do rio.
“A regulamentação não tem a força da lei. Nós queremos que esteja na lei, como já está no código antigo. A minha proposta é para a recomposição das matas ciliares, das nascentes dos rios; mas coloca uma tabela de gradação progressiva, respeitando os agricultores familiares.”
Escalonamento de faixas
Ex-ministro da Agricultura, o deputado Reinhold Stephanes (PSD-PR) concordou com Paulo Piau que o ideal seria regionalizar os parâmetros para a recomposição das matas às margens de rios. Mas Stephanes lembrou que a metragem em lei já faz parte da tradição jurídica brasileira. “Acho que deve haver escalonamento em lei, assim como também em lei deve se criar a possibilidade de exceção em determinadas situações, como foi levantando aqui, o plantio de hortifrutigranjeiros na Grande São Paulo. Dificilmente vão conseguir cumprir essas regras, que são gerais, nacionais, porque têm peculiaridades.”
Ao final do debate, Paulo Piau sinalizou a possibilidade de um acordo para que a lei preveja o escalonamento de faixas de recomposição de APPs de maneira diferenciada para os pequenos produtores.
Fonte: portal do agronegócio

quarta-feira, 16 de maio de 2012

“A Dilma vai vetar”, diz ministro do Desenvolvimento Agrário


O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas (PT), é categórico ao afirmar que a presidente Dilma Rousseff (PT) irá vetar o novo Código Florestal que foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 25 de abril. “A Dilma vai vetar. Se no todo ou em parte, essa é a discussão”, assegura o petista nesta entrevista ao Sul21.

Pepe garante que o texto não permanecerá intocado. “O Código Florestal não será sancionado da forma como a Câmara aprovou. Terá ou um veto total, ou um veto parcial”, comenta.

O ministro considera que há dois extremos nesse debate: o dos ruralistas que somente querem flexibilizar a legislação e o dos ambientalistas que defendem o que ele chama de “conservacionismo elitista”. Pepe diz que o governo federal não está comprometido com nenhuma dessas duas agendas.

Nesta entrevista ao Sul21, o ministro fala também sobre as perspectivas para a reforma agrária no país e critica a proposta de emenda à Constituição (PEC) que transfere responsabilidade sobre a titulação de terras indígenas ao Congresso Nacional.

“Além de anistiar grandes desmatadores, a Câmara diz que o pequeno produtor tem que recompor igual ao grande”


Como o senhor avalia o texto do novo Código Florestal aprovado na Câmara dos Deputados?

A Dilma vai vetar. Se no todo ou em parte, essa é a discussão. Parte do texto final aprovado é consenso entre Câmara e Senado. O texto do Senado é muito mais equilibrado, mas algumas coisas aprovadas representam avanços importantes. Há uma legislação bastante protetora para aquilo que não foi desmatado. As disposições permanentes têm pontos muito positivos. E tem um capítulo inteiro sobre a agricultura familiar que é importante que seja preservado.
 

Se o veto for total, zera todo esse avanço. Mas também há aspectos extremamente negativos, como a parte que previa a recomposição de áreas de preservação que foram devastadas. Queremos que haja recomposição e admitimos que ela tenha diferenciações. O agricultor que possui até quatro módulos fiscais não pode ter o mesmo tratamento de quem tem 400 módulos. Defendemos que até quatro módulos fiscais haja diferenciação nas exigências de recomposição de reserva legal.
 

O Senado também tinha entendido assim, mas a Câmara botou isso a perder. Além de anistiar grandes desmatadores, o que é inadmissível, e prever que não haverá recomposição nenhuma em determinadas áreas de preservação permanente, a Câmara diz que o pequeno produtor tem que recompor igual ao grande.
 

Então o texto final terá artigos vetados pela presidente?

O Código Florestal não será sancionado da forma como a Câmara aprovou. Terá ou um veto total, ou um veto parcial. Há dois extremos nocivos a esse debate. O primeiro é o polo que defende as piores práticas agropecuárias, é a turma da motosserra. Mas no outro polo, há um ambientalismo que defende um conservacionismo elitista. Não entendem que a parte ambiental precisa estar ligada à inclusão social de assentados, de quilombolas, de comunidades de povos tradicionais e de pequenos agricultores.

Não concordamos com esse conservacionismo elitista que desconsidera a dimensão social vinculada à ambiental. Esse ambientalismo conservador e elitista não é o nosso horizonte. Queremos denunciar esse tipo de gente, que muitas vezes está a serviço de interesses daqueles que querem mercantilizar a natureza, colocando papeis financeiros para especular na Bolsa. Aí os países em desenvolvimento se limitam a vender serviços ambientais enquanto as nações ricas podem desmatar e comprar esses papeis de serviços.


O senhor assumiu no dia 14 de março. Quais são as metas do ministério para este ano?

A prioridade é fortalecer os instrumentos de apoio e fomento à agricultura familiar. Dos 5,1 milhões de estabelecimentos rurais no Brasil, cerca de 4,3 milhões são unidades produtivas de agricultores familiares. Elas representam 84% dos estabelecimentos e ocupam 74% da mão de obra no meio rural. Há propriedades familiares já bem desenvolvidas e inseridas no mercado, com capacidade de comercialização e produção, mas que precisam do nosso apoio. E há também as propriedades que ainda estão em desenvolvimento.


Que tipo de apoio o governo federal dá a esses produtores?
 

Queremos fortalecer os instrumentos de acesso a crédito, como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que tem financiamento para custeio de safra e para investimentos. Há também os instrumentos de apoio à comercialização. Queremos consolidar a Rede Brasil Rural, que é uma plataforma eletrônica que viabiliza que as cooperativas e associações de produtores cadastrem seus produtos.

Já temos mais de 400 cooperativas cadastradas e um universo grande de fornecedores de insumos participando. Além disso, queremos fortalecer a assistência técnica da extensão rural, que é muito importante para o desenvolvimento produtivo das propriedades. E há os programas de garantias de preços mínimos, que são importantes para dar estabilidade a essa parcela de agricultores familiares que já está numa situação desenvolvida ou em desenvolvimento.


E que tipo de assistência pode ser dada às famílias que tentam chegar a esse estágio?

Há uma parcela da agricultura familiar que vive na extrema pobreza. Para isso temos o programa Brasil Sem Miséria, que é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Como metade das 16 milhões de pessoas que estão abaixo da linha da pobreza vivem no meio rural, uma parte do programa fica sob nossa responsabilidade. Estamos antecipando todas as metas de 2013 para 2012.

São metas de atendimento a famílias com assistência técnica diferenciada e continuada, e um subsídio de fomento para atividade produtiva com fornecimento de sementes. Começou ano passado no Nordeste, mas vamos atender também o Sul e o Sudeste, desde que os estados entrem com a assistência técnica. No Rio Grande do Sul, por exemplo, já acertamos com o governo. Nossa meta era atender três mil famílias, mas o Estado nos disse que tem condições de atender 6 mil famílias.


Como estão as demarcações e desapropriações para a reforma agrária no país?

A reforma agrária é um instrumento de combate à extrema pobreza no campo. A agricultura familiar tem um papel importante no projeto nacional de desenvolvimento, porque distribui melhor a renda, ocupa mais gente no campo e produz 70% dos alimentos no país. Criou-se a ideia que só o agronegócio exporta e é responsável pela balança comercial brasileira. O peso do setor agrário nas exportações brasileiras foi de 36% do total exportado em 2011. Nesse montante, 28% é relativo à agricultura familiar na base.

Temos que pensar em uma estratégia de desenvolvimento da agricultura familiar para que ela exporte ainda mais. Há um grande mercado a ser conquistado nos Estados Unidos e na Europa. Segmentos das classes médias e altas desses países querem comprar produtos feitos de forma justa e sustentável. Países com menor capacidade estão ocupando esse nicho.


E como estão as demarcações de terras atualmente?

Não temos contingenciamento de recursos orçamentários para obtenção de terras. Temos condições de executar todo o orçamento – previsto em R$ 106 milhões. Já liberamos R$ 200 milhões em Títulos da Dívida Agrária (TDAs) para que o Incra possa encaminhar o pagamento de decretos de desapropriação. Liberamos também R$ 44 milhões para pagamento de benfeitorias de imóveis cujas TDAs já estavam lançadas. Só com essa liberação, já atendermos 11 mil famílias. Estamos mudando o processo para fortalecer a infraestrutura dos assentamentos, começando pela moradia.

Historicamente, a moradia entrava no crédito de habitação do Incra. O valor era R$ 15 mil por família, com três anos de carência e 17 anos para pagar. Mas temos o Minha Casa, Minha Vida, que financia residências no valor de R$ 25 mil e tem 96% de subsídio. Não há por que não colocarmos esse programa nos assentamentos. Iremos atender melhor e o assentado irá gastar menos. Aceitamos discutir com os movimentos sociais do campo uma nova metodologia do crédito de instalação. Estamos debatendo uma melhor maneira, não formatamos nada ainda, mas vai haver uma mudança.

Queremos também levar os programas Água Para Todos e Luz Para Todos para dentro dos assentamentos. Não há por que o Incra assumir o financiamento dessas infraestruturas se existem programas que podem arcar com esses custos. Com isso o Incra pode usar seus recursos para priorizar outras questões fundamentais.

Como conciliar a realização de novos assentamentos com a melhoria dos já existentes?

Tem anos que assentaram 100 mil famílias, mas davam terra sem infraestrutura. Temos um passivo social a ser resgatado. Há assentamentos que se desenvolveram, exportam e possuem tecnologia aplicada. Mas há um número expressivo de assentamentos com famílias que vivem na linha da pobreza. O Estado brasileiro, ao longo da história, assentou pessoas e as deixou abaixo da linha da pobreza. A estratégia do Brasil Sem Miséria é recuperar as estruturas desses locais. Vamos reconhecer que assentados da reforma agrária também são cidadãos que precisam ter acesso aos programas do governo federal. Não podemos achar que só o Incra tem responsabilidade de resolver essas questões.

“A turma da casa grande, que sempre defendeu a predação do país por uma elite minoritária, articulou a PEC 215 para impedir que o Estado brasileiro reconheça os direitos dos quilombolas e dos povos indígenas”

O MST diz que o governo federal possui um teto de até R$ 100 mil para desapropriações de terras. Os Sem-Terra alegam que isso faz com que 90% das propriedades permaneçam intocáveis.

Não há nada que defina a existência de um teto de R$ 100 mil. Mas é verdade que, quando se vai desapropriar uma terra, o custo dela interessa. Quando o poder público vai desapropriar uma área para construir uma escola ou fazer um projeto habitacional, o preço da terra é levado em consideração. E, eventualmente, se a terra é muito cara, se opta por outro lugar. Na reforma agrária não pode ser diferente. O valor por hectare e o custo por família assentada são elementos importantes. O administrador precisa zelar pelo princípio da economicidade. Isso não significa dizer que se vá deixar de comprar terras. Mas também não iremos comprar terras que custem R$ 30 mil por hectare. Assim como não iremos comprar uma propriedade que custe R$ 2 mil por hectare e jogar as famílias num local onde não há estrada, água ou luz. É preciso bom senso.


O que encarece o custo das desapropriações?

Há um processo de encarecimento do preço da terra no Brasil. Precisamos que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que questiona a medida provisória que estabeleceu que os juros compensatórios de uma terra desapropriada seriam de 6% e não de 12% – fixados por uma jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

Nenhum fundo de investimento remunera a esse valor. O Judiciário brasileiro estabelece juros compensatórios numa desapropriação de terras que remunera muito mais do que qualquer aplicação no sistema financeiro. É possível especular muito mais tendo uma terra desapropriada do que no mercado financeiro. Isso é um absurdo. O governo, há muitos anos, fez uma medida provisória fixando os juros em 6% e houve uma Adin que foi acolhida pelo STF em caráter liminar.

Continua-se pagando juros compensatórios de 12% e o julgamento do mérito é aguardado há mais de 10 anos. Isso impacta o orçamento do Incra. Quando o proprietário de uma terra não concorda com a avaliação do Incra, o Judiciário demora cinco anos para decidir quanto é o preço de uma terra desapropriada. Nesse meio tempo, o governo fica pagando 12% de juros compensatórios. É óbvio que isso diminui a capacidade do Estado brasileiro de desapropriar áreas para fins de reforma agrária. O orçamento não é um elástico que pode ser esticado. Precisamos que o Supremo julgue essa Adin. Se a taxa Selic está em 9%, por que os juros compensatórios são 12%?


Qual sua posição sobre PEC 215, que transfere para o Congresso Nacional a titulação de terras indígenas?

A PEC 215 é uma reação dos setores mais retrógrados e conservadores que querem impedir o reconhecimento por parte do Estado brasileiro dos direitos dos povos e comunidades tradicionais. Temos uma posição contrária a essa PEC e defendemos a constitucionalidade do decreto que regulamenta a demarcação e o reconhecimento dos territórios quilombolas, que está sendo julgado pelo STF. A turma da casa grande, que sempre defendeu a predação do país por uma elite minoritária, articulou a PEC 215 para impedir que o Estado brasileiro reconheça os direitos dos quilombolas e dos povos indígenas.

Há também a PEC do trabalho escravo, que propõe o confisco das propriedades que utilizem mão de obra escrava.

Queremos que seja aprovada. O trabalho escravo é uma abominação. Quem utiliza trabalho escravo na produção precisa ter suas terras desapropriadas para que elas cumpram uma função social.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Código Florestal: Projeto cria regras para recuperação de APPs



A Câmara analisa o Projeto de Lei 3846/12, do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que estabelece critérios para a recuperação de áreas de preservação permanente (APPs).

A proposta autoriza o Poder Público a reduzir os limites de recuperação das APPs se houver interesse econômico, público e social, no caso de atividades agrícolas, silvícolas e de pecuária de leite e mantidas as práticas de conservação de solo e água.

Nascentes
Segundo o projeto, em zonas rurais e urbanas, só poderá ser exigida a recuperação das APPs em áreas de nascente após avaliação de órgão ambiental local. Para exigir essa recuperação, o órgão deverá atestar a regularidade de intermitência da nascente. Essa recuperação não poderá ultrapassar o limite de 30 metros de raio.

O deputado afirma que a exigência de regularidade de intermitência vai dar mais segurança jurídica ao produtor. “Dependendo do regime das chuvas, há o aparecimento de inúmeros pontos de afloramento do lençol freático que, muitas vezes, não voltam a aparecer no mesmo local em anos.”

Irrigação

O projeto prevê licenciamento prévio para a irrigação que afete áreas de preservação permanente. Nesses casos, serão exigidas medidas de compensação. “Em nenhum momento, no texto do Código Florestal, foi citada a possibilidade desta prática [irrigação] que, muitas vezes, exige intervenção em APPs para acesso à água”, lembrou o deputado.

“Caso não haja previsão legal, pode haver o entendimento de que a prática da irrigação foi proibida nos casos de intervenção em APP”, acrescentou Henrique Eduardo Alves.

Metragens

A proposta também trata dos imóveis rurais que possuam áreas consolidadas em APPs ao longo de cursos d’água naturais e permanentes.

Segundo o texto, os proprietários desses imóveis deverão promover a recuperação das APPs conforme determinação do Programa de Regularização Ambiental dos Estados e segundo as seguintes metragens, contadas a partir do leito regular:

- às margens de cursos d’água naturais e permanentes com largura de até 5 metros, será obrigatória a recomposição das faixas marginais em até 5m;
- às margens de cursos d’água naturais e permanentes com largura entre 5m e 10m, será obrigatória a recomposição das faixas marginais em até 7,5m;
- às margens de cursos d’água naturais e permanentes com largura entre 10m e 30m, será obrigatória a recomposição das faixas marginais em até 10m;
- igual à metade da largura dos cursos naturais e permanentes que meçam acima de 30m de distância entre as margens, respeitando os 50% da largura do rio até o limite de 100m.

Indenização

O projeto determina que os proprietários de imóveis com áreas consolidadas em APPs ao longo de cursos d´água com área de até 4 módulos fiscais sejam indenizados pelo governo federal de acordo com valor de mercado da terra, juntamente com o custo de recomposição das matas ciliares.

Agricultura familiar

O projeto prevê uma situação excepcional para os agricultores familiares e proprietários de imóveis que, em 22 de julho de 2008, detinham até 4 módulos fiscais e desenvolviam atividades agrossilvopastoris nas áreas consolidadas em APPs.

Nesses casos, a exigência de recomposição, somadas as áreas das demais APPs do imóvel, não ultrapassará o limite de 50% na Amazônia Legal e de 20% no restante do País.

Infrações

A proposta suspende, a partir da edição da lei, sanções decorrentes das infrações cometidas antes de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em APPs e em áreas de reserva legal e de uso restrito.

As multas decorrentes de infrações cometidas antes de julho de 2008 poderão ser convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. Essa conversão será possível para o produtor que cumprir as obrigações estabelecidas no Programa de Regularização Ambiental ou em termo de compromisso para a regularização ambiental.

“O intuito é não punir monetariamente aqueles que suprimiram vegetação antes da referida data, mas estimulá-los a regularizar a situação”, diz Henrique Eduardo Alves.

Tramitação 
O projeto será distribuído às comissões temáticas da Câmara. 


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Dilma veta parte do texto da Câmara e articula novo projeto


Sob a ameaça veiculada nas redes sociais de receber o troféu Motosserra de Ouro no encontro internacional sobre meio ambiente Rio+20, a presidente Dilma Rousseff sinaliza estar disposta a ceder à pressão popular pelo veto ao novo Código Florestal. A presidente pretende rejeitar os enxertos dos ruralistas no texto, como a manutenção de atividades agropastoris em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e anistia aos desmatadores. 
Com o veto, o governo já estuda novo projeto que contemple itens modificados na Câmara e articula com lideranças de sua base no Senado aprovação rápida de uma nova proposta para o Código Florestal. 
O apelo popular não passou despercebido por Dilma. O veto ao texto já é uma bandeira frequente nas redes sociais e em eventos públicos sob o mote #vetaDilma. Caso a presidente não atenda, corre o risco de sair da Conferência Rio+20 ovacionada por ambientalistas do mundo inteiro com o troféu Motosserra de Ouro, que já foi entregue aos ruralistas do Congresso Nacional. 
Novo texto 
Ontem, um grupo de senadores formou uma comissão para negociar, junto à Presidência da República e à Câmara dos Deputados, uma saída política para regularizar as atividades consolidadas em Áreas de Preservação Permanente (APPs) que se situam nas margens de rios. O objetivo dos senadores é construir uma saída negociada, que seja acatada tanto pelo governo quanto pelos deputados, e que supra a lacuna deixada no projeto aprovado na Câmara. Uma das possibilidades seria o veto ao capítulo que trata da legalização das áreas consolidadas e a aprovação de projeto apresentado pelos senadores Luiz Henrique e Jorge Viana (PLS 123/2012), resgatando o que foi aprovado no Senado. 
Pela estratégia, o Senado aprovaria rapidamente e encaminharia à Câmara, antes do prazo que Dilma tem para sancionar o código, com ou sem vetos. Termina no dia 25. A expectativa é que os deputados protelem a votação - ou até rejeitem novamente -, o que fortaleceria os argumentos para a presidente vetar. O assunto foi tratado em reunião conjunta das quatro comissões técnicas responsáveis pela análise do projeto. Na reunião das comissões de Constituição e Justiça (CCJ),Meio Ambiente (CMA), Ciência e Tecnologia (CCJ) e Agricultura e Reforma Agrária (CRA), os senadores aprovarão um documento a ser encaminhado à presidente, com uma avaliação sobre as mudanças realizadas pela Câmara no projeto que havia sido aprovado pelo Senado. 
Os parlamentares vão se reunir com a Casa Civil da Presidência da República para definir as partes do texto do novo código que entrarão na negociação. 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Código Florestal chega ao Planalto


A Casa Civil da Presidência da República recebeu ontem, por volta das 17h, o texto do novo Código Florestal aprovado no dia 25 de abril na Câmara dos Deputados. Agora, a presidente Dilma Rousseff tem até o dia 25 de maio para se manifestar sobre o projeto, com ou sem vetos. A ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, havia avisado a líderes no Congresso que a presidente vetaria dispositivos considerados como facilitadores do desmatamento. Durante as discussões, a presidente havia sinalizado também disposição de vetar artigo que trata da recomposição de matas ciliares. Após esse prazo, o texto é sancionado automaticamente.
Durante todo o dia de ontem, o governo se mobilizou em reuniões na Casa Civil para negociar possíveis mudanças no texto aprovado pelos deputados. Os dois lados foram recebidos ontem pela ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Os ruralistas acreditavam estar representados pelo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro. Os ambientalistas foram representados pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Além deste encontro, a presidente Dilma recebeu ontem de manhã a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Até o fechamento desta edição, a ministra Izabella estava reunida com a presidente Dilma Rousseff para discutir o assunto.
A ministra do Meio Ambiente disse não ter problema em pedir à presidente Dilma Rousseff que vete pontos do Código Florestal. "A posição da ministra é pelo veto. Não tenho nenhum problema em dizer isso", disse.
No mesmo dia da aprovação do Código na Câmara, os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDB-SC) apresentaram novo projeto de lei para restabelecer as áreas de preservação permanente (APP) e de reserva legal do substitutivo do Senado ao Código Florestal que foram retirados pela Câmara dos Deputados. A proposta retoma a obrigatoriedade de recomposição de florestas em todas as faixas de curso d"água.
Os senadores querem pedir urgência para que a tramitação seja rápida, prevendo que a presidente Dilma Rousseff deve vetar o texto da Câmara. Hoje deve ser realizada uma sessão conjunta entre várias comissões para debater o assunto.
Como a origem da proposição será no Senado, a nova proposta, se aprovada, seria enviada à Câmara e voltaria para os senadores darem a palavra final, ao contrário do que foi feito no Código Florestal, quando a discussão começou na Câmara. "Com essa iniciativa vamos fugir dessa armadilha de começar as coisas pela Câmara e voltar para lá", disse Viana.
Com a mesma estratégia dos senadores, a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) da Câmara vai apresentar, neste semana, um projeto de lei para modificar alguns artigos do projeto. A principal mudança será nas faixas das APPs. O projeto deve propor a criação de faixas de 5 metros de recomposição para rios até 5 metros de largura, 7,5 metros de reflorestamento para rios de 5 a 10 metros de largura e 15 metros de recomposição para rios acima de metros em propriedades até 15 ou 10 - ainda não foi definido - módulos fiscais. Para rios acima dessa largura e em grandes propriedades, o texto vai trazer de volta os percentuais do Senado, de 30 a 100 metros.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sindicato Rural Patronal de Piraí do Sul e MS - Agroflorestal & Topografia Participam da 2º EXPOTRADE



O Sindicato Rural Patronal de Piraí do Sul, em parceria com o  SENAR/FAEP – PR,  a Associação  dos Avicultores dos Campos Gerais, e MS – Agroflorestal & Topografia – Serviços de Engenharia,  estão participando da 2º EXPOTRADE em Piraí do Sul – PR. A feira que teve seu inicio no dia 2 de maio e com encerramento no dia 06 de maio, tem diversas atividades dentre ela palestra, exposição de animais e stands de varias empresas divulgando seus serviços.

Visite nosso stand nº 06 e conheça os novos trabalhos e cursos oferecidos pelo Sindicato junto com o SENAR – PR, as novidades oferecidas pela Associação dos Avicultores dos Campos Gerais e tire todas suas duvidas quanto a SISLEG, Legislação Florestal, Crédito Rural e Licenciamentos Ambientais junto a MS – Agroflorestal & Topografia – Serviços de Engenharia. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Expansão do agronegócio continuará forte até 2022


O agronegócio brasileiro continuará a crescer a taxas maiores do que a produção média mundial de grãos, carnes e açúcar. Haverá uma desaceleração no ritmo de expansão agrícola no país até 2022 em relação aos últimos dez anos, mas ainda assim será um incremento vigoroso. Essa é uma das principais conclusões do mais amplo estudo já realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre o setor, que será divulgado hoje. O trabalho consolida uma nova postura da entidade em relação ao agronegócio e sua importância inclusive para outros setores da economia.
Realizado em parceria com o Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), o "Outlook Brasil - Projeções para o Agronegócio" está focado em dez grandes cadeias (algodão, arroz, cana, trigo, feijão, milho, soja, carne bovina, carne de frango e carne suína).
O levantamento estima que o Produto Interno Bruto (PIB) dos principais segmentos analisados vai ter um crescimento de 42% até 2022, para R$ 578,2 bilhões. Apesar do avanço pujante, a participação desse universo de produtos no PIB nacional tende a cair de 11%, em 2010, para 9% em 2022, em virtude do fortalecimento do setor de serviços.

Governo adota novas medidas para conter aumento de contágios

  Em razão do significativo aumento no número de pessoas contaminadas pela Covid-19 no Paraná, o Governo do Estado produziu um novo instrume...