Soja e milho transgênicos atingiram 28,68 milhões de hectares nesta temporada no Brasil, mostra indicador elaborado pela equipe técnica da Expedição Safra Gazeta da Povo. Essa área corresponde a 86% dos 33,36 milhões de hectares dedicados às duas culturas na safra de verão e mostra que a transgenia continua avançando de norte a sul no país.
O milho geneticamente modificado (GM) começou a ser cultivado comercialmente em larga escala em 2009/10 e, na estreia, teve 50% da área. Em três safras, avançou 33 pontos. No mesmo período, a soja GM, que está em sua sexta temporada, ganhou 17 pontos, chegando a 87%. O avanço verificado na safra atual, de 2 e 6 pontos, respectivamente, foi medido a partir de 270 entrevistas realizadas em campo com produtores e especialistas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Centro-Norte (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) de outubro do ano passado a fevereiro deste ano.
O Brasil se consolida como o segundo país que mais cultiva grãos transgênicos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que dedicam 69 milhões de hectares às sementes GM, conforme o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Biotecnológicas Agrícolas (Isaaa, na sigla em inglês). Os 21,59 milhões de hectares da soja GM representam 3,12 vezes a extensão total cultivada com a oleaginosa em Mato Grosso, líder nacional na cultura, e 4,6 vezes o tamanho dessa lavoura no Paraná, segundo colocado. No milho de verão, a área com transgenia é 7,63 vezes maior que a paranaense nesta estação.
À medida que surgem variedades de sementes mais produtivas e, entre elas, predominam as versões transgênicas, a cobertura GM continua crescendo, aponta a Expedição Safra. A soja pode dar novo salto com a chegada da tecnologia Intacta, sucessora da Roundup Ready, que lançou os transgênicos no Brasil.
Os transgênicos ganham maior espaço inclusive em regiões que resistiram à mudança, como os Campos Gerais paranaenses. Com aprovação de pesquisas regionais, produtores que há três safras cultivavam só sementes convencionais dedicam metade da área aos grãos modificados e relatam que o rendimento cresceu de 3,2 mil para 3,4 mil quilos por hectare.
Os produtores de sementes confirmam a preferência do setor por variedades precoces e de crescimento indeterminado, predominantemente transgênicas. “Testamos outras opções por questão estratégica, mas as vendas nos orientam a multiplicar essas variedades”, disse Geraldo Fróes, de Floresta (Norte do Paraná).
Se os estados do Centro-Sul e do Centro-Norte seguirem a tendência do Rio Grande do Sul, estado que inaugurou o cultivo de soja RR no país, os transgênicos vão passar da casa de 90%. No Noroeste gaúcho, a soja RR sustenta 99% de cobertura.
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