Quando se fala em investimentos florestais, o conceito de “novas fronteiras” possui diferentes significados, de acordo com o perfil do investidor. Não é difícil encontrar investidores que entendam como “novas fronteiras” qualquer projeto florestal que não esteja localizado nas regiões mais tradicionais dos estados da região Sul do Brasil.
Interpretações individuais à parte, uma forma mais objetiva de se caracterizar as novas fronteiras é a simples observação da evolução regional da área plantada. Uma rica fonte de informações é o Anuário Estatístico da ABRAF, que, em sua edição de 2011, apresentou o panorama caracterizado pelo desbravamento das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
O elevado nível dos preços de terra nos mercados consolidados é a principal motivação para a migração para novas fronteiras. Outros fatores que estimulam projetos em novas fronteiras incluem o desenvolvimento da infraestrutura e logística regional, a abundância de áreas adequadas à silvicultura, estímulos governamentais como linhas de crédito e regulamentações estaduais voltadas ao setor. Por sua vez, o desenvolvimento de uma nova fronteira florestal geralmente contribui positivamente para as economias regionais.
Diferentemente das atividades agropecuárias, a silvicultura de florestas plantadas é uma atividade intensiva em mão de obra e com reduzida oscilação sazonal. Os viveiros florestais oferecem excelentes oportunidades de emprego que valorizam a força de trabalho feminina, reconhecida pelo seu maior nível de cuidado e atenção.
E, de maneira geral, os projetos estruturados, com certificação florestal, trazem ao campo condições dignas de trabalho e respeito ao meio ambiente. Com relação aos riscos associados a um projeto florestal em nova fronteira, entendemos que o mais relevante é o risco de mercado. Em outras palavras, o risco de, no momento de iniciar a colheita das árvores, não existir demanda que remunere adequadamente a madeira a ser comercializada.
Uma máxima usualmente assumida nos projetos de novas fronteiras é a de que “se desenvolvendo uma base florestal de escala e qualidade, as indústrias serão atraídas, e uma demanda local será criada”. Apesar de tal lógica representar um caminho possível, sua efetiva concretização depende de inúmeros fatores que estão fora do controle do empreendedor florestal. Adicionalmente, o longo prazo de maturação da floresta dificulta o exercício de projetar o contexto de mercado de uma nova fronteira no momento do início da colheita.
Cabe lembrar que o setor florestal brasileiro, no período pós-incentivos fiscais do extinto FISET, testemunhou as duras consequências de plantios em novas fronteiras, que não foram acompanhados de desenvolvimentos industriais. Por outro lado, se um projeto de investimento florestal já nasce associado a um projeto industrial que assegurará a demanda, esse risco é reduzido ou eliminado.
Outros riscos que afetam os investimentos em novas fronteiras são:
• Titulação: precariedade da documentação e insegurança jurídica com relação a titulações muitas vezes maculadas por diferentes vícios;
• Tecnologia florestal: a falta de experiências em escala comercial dificulta em muito a vida do engenheiro florestal, em temas centrais de sua atividade, como a escolha dos materiais genéticos adequados, regras de espaçamento, regimes de nutrição,
período de plantio, entre outras, que têm um impacto direto sobre a produtividade florestal (IMA);
• Questões fundiárias: demarcação de territórios indígenas e quilombolas, bem como a relação com grupos sociais diversos, tais como populações ribeirinhas, quebradeiras de coco e movimentos sem-terra em geral;
• Questões ambientais: nas novas fronteiras, a exploração da terra se encontra pouco consolidada, e programas de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEEs) podem introduzir restrições ao uso do solo com potencial impacto sobre a atividade florestal; e
• Custos silviculturais: maiores distâncias dos centros produtores de insumos, a logística mais precária e a falta de mão de obra qualificada são fatores que dificultam a previsibilidade dos custos silviculturais.
Considerando o exposto, não é de se surpreender que os investidores florestais que se aventuram em projetos greenfield nas novas fronteiras buscam retornos bastante superiores ao que seria possível obter em investimentos de menor risco, como seria o caso de uma aquisição de floresta madura no Sul ou Sudeste.
E também não é difícil de acreditar que boa parte dos gestores florestais, especialmente os estrangeiros que ainda não consolidaram uma presença no Brasil, não tenham sequer o mandato para prospectar novas fronteiras.
Escrito por Fernando Abucham e Marcelo Sales
Fonte: Revista Opiniões
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