terça-feira, 6 de setembro de 2011

Eucalipto vira poupança verde para pequenos produtores


Ótima iniciativa do município de Umuarama no Paraná. Deve ser exemplo para os demais municípios, entre eles Piraí do Sul -PR, pela grande quantidade de pequenos produtores e pela diversificação de atividades e uso total da área para geração de renda.

Desde o ano passado um projeto vem tentando por na cabeça dos pequenos produtores de Umuarama que trabalhar com o eucalipto, paralelamente a outras atividades, pode ser extremante lucrativo. Técnicos estão prevendo a falta de matéria prima para a indústria moveleira de Umuarama nos próximos anos e querem atrair uma laminadora que já investiga o potencial do município na silvicultura.

Segundo o diretor de agricultura, Claudio Marconi, Umuarama já é o segundo pólo moveleiro do Paraná, mas toda a madeira é importada. Além disso, incentivar a plantação de eucalipto foi uma maneira de aproveitar terras empobrecidas pela falta de empenho de produtores, envolvendo o cultivo até mesmo com a pecuária, no caso do silvipastoril. A plantação de eucalipto gera 10 vezes mais renda na mesma área da pecuária e sem precisar reduzir o rebanho. Hoje, um fazendeiro consegue lucrar em média R$ 700 por cabeça. Com o reflorestamento esse valor sobe pra R$ 3 mil com 10% da área plantada.

RENTABILIDADE

Desde o final do ano passado até agora já foram 300 mil plantas doadas para 110 produtores de Umuarama. Cada um recebeu no máximo 4 mil mudas a serem plantadas numa área de até dois hectares.
Para entender a rentabilidade do cultivo, primeiro é preciso levar em consideração que a madeira do eucalipto é dividida em três fases, para três finalidades.

Com cinco anos a planta pode ser utilizada apenas para a produção de lenha, custando R$40 a tonelada. Consegue-se produzir 250 toneladas por hectare que, no período, renderão R$10 mil para o produtor.
Ao esperar um pouco mais, com sete anos a planta está preparada para ser laminada e servir para o setor moveleiro. Com a maior espera também aumenta o preço da tonelada, que chega a R$120. “O produtor consegue produzir 350 toneladas por hectare tirando em sete anos R$42 mil brutos por isso”, calcula Marconi.

Mas se o eucalipto demorar 13 anos para ser cortado – cuja madeira servirá mais para a construção civil – a produtividade será de 650 toneladas por hectare. O valor da tonelada continua R$120, mas em treze anos o produtor terá uma renda bruta de R$78 mil. “São R$6 mil por hectare ao ano que o produtor irá incrementar na sua renda sem muito esforço. É uma lucratividade que só as hortaliças e algumas frutas conseguem oferecer”, avalia o diretor.

Para se ter uma ideia mais ampla dos benefícios da silvicultura, se o produtor plantar apenas um hectare de eucalipto, depois de treze anos ele terá produzido o suficiente para comprar mais sete hectares de terra, de acordo com as atuais cotações. Outra simulação de valores mostra que, no mesmo período, em um alqueire o produtor conseguirá lucrar R$300 mil.

“Quem tem eucalipto hoje está feito. Infelizmente os produtores acham que treze anos não vão passar nunca e querem o ganho imediato, mas quem olha com atenção vai ver que essa é literalmente uma poupança verde”, observa.

O chefe da divisão de agricultura, Sidney Ianke, também afirma que um pedaço de terra não agricultável pode virar economia com a variedade grandis, que está sendo usada neste projeto de incentivo. “O esforço é pequeno e é mais concentrado no início. Basta ter cuidado com as formigas, aplicar veneno e adubar”, diz. .

PRODUÇÃO DE MÓVEIS

O Banco do Brasil lançou em junho uma linha de crédito direcionada ao Arranjo Produtivo Local (APL) de Umuarama e região no setor moveleiro. Intitulada Giro APL, a linha fornece o quanto for necessário e cabível às empresas para promover o desenvolvimento tecnológico, empresarial, cooperativista e, consequentemente, o enriquecimento da região.

Entretanto, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Moveleiras de Umuarama e Região (Simur), Wanderlei Xavier, toda a madeira utilizada na produção do município vem de fora.

De acordo com relatório do setor, a cidade consome por mês cerca de mil metros cúbicos de madeira, a maioria oriunda da região de Tibagi, que compra as toras de uma empresa chamada Klabin.

Porém, essa empresa que indiretamente “salva” a produção moveleira em Umuarama, irá dentro de quatro anos parar de fornecer a madeira, focando apenas na produção de celulose para exportação. “Por isso temos que correr contra o tempo”, alerta Marconi.

O projeto da prefeitura preconiza que dentro de quatro anos 50% dos eucaliptos de qualidade inferior sejam cortados para a produção de lenha. O restante será cortado com a idade de sete anos para a serra que abastecerá o setor moveleiro. “Estamos conversando e estudando propostas para que possamos futuramente trabalhar com madeira específica para a produção daqui”.

LAMINADORA

Diálogos já estão sendo travados com uma indústria laminadora para a sua instalação em Umuarama. Mas para isso os empresários querem garantia de matéria prima, com no mínimo 1.500 alqueires de área plantada e o manejo da cultura feito de acordo com as exigências necessárias para laminação.

EXEMPLO

Reinaldo Santos acreditou na ideia e no final do ano passado plantou quatro mil mudas. Como as plantas ainda estavam pequenas nas geadas ocorridas entre os últimos três meses, ele teve alguns problemas na plantação, mas está otimista. Se Reinaldo quiser esperar apenas cinco anos para começar a lucrar, em dois hectares ele irá capitalizar mais de R$20 mil, sem muito estresse e sem abandonar o pesqueiro do qual é proprietário e a cafeicultura.

EM NÚMEROS

300 mil
Plantas foram doadas para 110 produtores de Umuarama desde o final do ano passado

R$ 6 mil
Ao ano é o que o produtor irá lucrar com apenas um alqueire de terra

10 vezes
Mais renda o eucalipto oferece na mesma área da pecuária e sem precisar reduzir o rebanho

1 mil m³
É a média de madeira que o município consome por mês para a produção de móveis

Fonte: Umuarama Ilustrado

Fonte: http://www.remade.com.br/br/noticia.php?num=9190&title=PR:%20Eucalipto%20vira%20poupan%C3%A7a%20verde%20para%20pequenos%20produtores

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