terça-feira, 20 de setembro de 2011

Florestas mostram crescimento sustentável


Demanda internacional crescente estimula aumento da produção comercial de madeira. Em cinco anos, o cultivo cresceu 20% no país.

Negócio bilionário para o Brasil, o cultivo de florestas plantadas vem crescendo no país graças à profissionalização do setor e, principalmente, ao aumento da demanda mundial por madeira. De 2005 a 2010, a área ocupada pela silvicultura saltou cerca de 20%, saindo de 5,3 milhões de hectares para 6,5 milhões de hectares, conforme dados da Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf). Com isso, o valor bruto da produção alcançou R$ 51,8 bilhões.

Devido ao tempo de retorno do capital investido, o plantio de florestas é considerado uma poupança de longo prazo, porém mais rentável. “É um negócio de risco controlável. Se o mercado estiver ruim em época de colheita, é possível prorrogar o corte”, analisa Rômulo Lisboa, gerente da STCP, empresa especializada em consultoria e administração de projetos florestais.

Paraná, que já chegou a ter 857 mil hectares ocupados com florestas, reduziu o cultivo após a crise de 2008. Hoje, são 850 mil hectares, o que dá ao estado a terceira colocação no ranking nacional
Além do gasto com a compra de terreno é preciso desembolsar entre R$ 6 e R$ 8 mil por hectare para plantar um ciclo de sete anos, incluindo gastos com gestão. “O retorno fica entre 17% e 18% do in­­­­vestimento. É um negócio promissor no médio e longo prazo. Ho­­­je os preços não estão elevados, mas a tendência é altista”, afirma Lisboa. O preço médio do pinus é de R$ 40/m³ e o do eucalipto é de R$ 55/m³, conforme a STCP.

A sustentação para o desenvolvimento da atividade tem partido do crescimento da demanda por madeira. Mesmo após a crise de 2008 o consumo de papel e celulose, assim como o de painéis de madeira industrializada, compensados e serraria se mantiveram em alta. Com o apoio da construção civil, o maior crescimento tem sido registrado no setor de laminados, que até 2009 consumia 5,3 milhões de toneladas e agora absorve mais de 6 milhões de toneladas (+20%). Mas as indústrias de papel e celulose, destino de 37,5% da produção florestal brasileira, ainda dominam o mercado. Juntos, os dois segmentos produzem mais de 24 milhões de toneladas por ano.

Paraná tenta retomar plantio após a crise

2008 foi um ano de glória e tragédia para a silvicultura do Paraná. Depois de alcançar área recorde com florestas – 857 mil hectares – o setor foi atingido pela crise internacional, que causou uma debandada de novos investidores. Com isso, o terreno ocupado por pinus e eucapito, que até então subia gradativamente ano a ano, começou a cair no estado.

A última estimativa da Asso­­ciação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf) revela que o cultivo do Paraná está em cerca de 850 mil hectares. O número mantém o estado como o terceiro maior produtor nacional, atrás de São Paulo e Minas Gerais, que mesmo diante da crise conseguiram expandir sua área florestal nos últimos anos.

De acordo com Carlos Mendes, diretor executivo da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), a crise mundial impediu o crescimento das fábricas instaladas no Paraná. “Algumas empresas que cortaram acabaram não replantado. Houve também migração de investimentos para outros estados”, explica.

Para reverter o quadro atual, o executivo acredita que é preciso criar novos polos de produção e fortalecer as empresas que já estão na atividade. Para isso, conta com a ajuda governamental. “Acredito na retomada do plantio ainda neste ano. Há uma expectativa muito grande por parte do empresariado com o governo estadual, que se mostra disposto a incentivar o cultivo de florestas”, conta. Se as promessas não se transformarem em ações concretas, a silvicultura paranaense continuará tendo prejuízo, adverte. “Temos diversas regiões do estado com mercado para a madeira, mas sem floresta plantada. Se não houver incentivo, muitas empresas podem deixar de investir no estado.”

Com uma produção anual menor do que o consumo, o Paraná precisa ampliar em quase 100% o terreno com plantio de florestas nos próximos dez anos, calcula a Apre. Hoje, o estado colhe 30 milhões de metros cúbicos, mas o consumo industrial é de 34,8 milhões de toneladas.

Terra barata é o que atrai novos investidores ao setor, conta Rômulo Lisboa, consultor da STCP. Por isso, muitas empresas têm direcionado recursos para regiões em expansão, como Bahia, Piauí, Maranhão e Minas Gerais. “A Suzano [fábrica de papel e celulose], por exemplo, já anunciou que vai inaugurar duas novas plantas no Nordeste: uma no Maranhão e outra no Piauí. Os empreendimentos devem demandar uma área plantada superior a 300 mil hectares”, revela.


Desafios

Setor paga pela falta de infraestrutura e de crédito

Considerada uma “poupança verde”, a silvicultura tem se revelado um grande negócio. Ainda assim, plantio de florestas comerciais encontra dificuldades para deslanchar no Brasil. Apesar do ganho de terreno nos últimos anos, o setor ainda está longe de alcançar a meta de 7,5 milhões de hectares estipulada para o ano que vem. Entre os maiores limitadores ao incremento de área está o alto investimento exigido para se produzir madeira, a falta de políticas governamentais de incentivo à atividade e a infraestrutura precária.

“O cultivo de florestas se concentra em regiões onde as rodovias vicinais, que geralmente não são asfaltadas, são o único canal de escoamento. Por isso, é comum ver os produtores gastando tempo e dinheiro para recuperar estradas”, cita Carlos Mendes, diretor executivo da associação que representa os produtores no Paraná, a Apre.

O setor sofre também com a falta de linhas de financiamento específicas para o plantio de florestas. “Hoje, maior parte das instituições financeiras do país limita com burocracia a liberação de recursos para o plantio de pinus ou eucalipto [únicas espécies cultivadas]”, revela.

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/caminhosdocampo/conteudo.phtml?tl=1&id=1171028&tit=Florestas-mostram-crescimento-sustentavel


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