Temperaturas devem ser maiores que as registradas em 2011 e preocupam os mercados de grãos, açúcar e café
O Departamento de Meteorologia da Grã-Bretanha, Met office, e a Universidade de East Anglia apresentaram um relatório, nesta semana, que aponta que o ano de 2012 deve constar na lista dos 10 anos mais quentes desde a década de 1850. As temperaturas globais, segundo o estudo, estarão quase 0,5ºC mais elevadas que as médias registradas entre os anos de 1961 e 1990.
O relatório diz que 2011 foi o 11º ano mais quente já registrado no período citado, com médias 0,36% acima do normal e este ano, de acordo com previsões de longo prazo feitas pelos meteorologistas, as médias podem ficar 0,48% mais elevadas. Addam Scaife, chefe do Met Office, diz que 2012 será mais quente que o ano passado, mas não tão quente como 2010, quando ficou constatado que as temperaturas altas atingiram os maiores índices.
Scaife atribui o aumento de temperatura ao fenômeno La Niña. "O fenômeno (La Niña) voltou e, embora não seja tão forte como ocorreu no início de 2011, deve influenciar as temperaturas. Esperamos que 2012 seja ligeiramente mais quente do que o ano anterior, mas menos quente que 2010", disse o cientista.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) também divulgou nesta semana que os anos mais quentes da história do planeta foram registrados entre 1997 e 2011. O estudo teve como base as previsões do Met Office, do Centro Nacional de Dados Climáticos dos Estados Unidos, e do Institudo Goddard de Estudos Espaciais da Nasa.
A nota divulgada pelo CPC, que é um órgão ligado à Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, diz que "as últimas observações sugerem que o La Niña será de fraco a moderado neste inverno (nos Estados Unidos) e vai continuar depois disso, como um evento fraco, até que possa se dissipar entre os meses de abril e maio". Esta foi a primeira vez que o instituto admitiu a permanência do La Niña até a primavera americana, que corresponde ao outono brasileiro.
Agricultura
O Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos (CPC) anunciou que o fenômeno La Niña já está sendo responsável por uma forte seca na América do Sul e no sudoeste americano e pode durar até maio, o que supera as estimativas iniciais. Nos Estados Unidos, a estiagem já causa preocupações para os mercados de grãos, açúcar e café.
Os produtores rurais texanos são os mais preocupados com a seca, que pode significar outra safra ruim para o algodão. Os solos de Oklahoma e Texas já estão esgotados devido às secas dos últimos anos, mas os agricultores que estão localizados nas faixas entre as Carolinas e o Kansas, que plantam soja e milho, também já estão preocupados.
No Brasil, o La Niña (como ocorreu em 2010 e 2011) está provocando chuvas intensas nas regiões Sudeste e Norte, e estiagem na região Sul, o que pode comprometer a safra de verão de grãos - soja e milho - e os canaviais do Norte do Paraná e Mato Grosso do Sul. A produção de etanol vem sendo afetada pelo clima desde 2009.
Na Malásia, país que é um importante exportador de óleo de palma, o La Niña está provocando fortes chuvas que ameaçam a safra, e consequentemente elevarão os preços dos produtos. Já na Colômbia, o problema é o aumento da temperatura, que ameaça, desde meados de 2010, os tradicinais cafezais colombianos. No país, muitos produtores extinguiram os pés de cafés para plantar banana, já que o calor, além de reduzir a produtividade, inseriu doenças nas plantações.
O CPC afirma que o La Niña pode durar vários anos e se deve ao aquecimento anormal das águas nas regiões equatoriais do Oceano Pacífico. Seus principais efeitos atingem, sobretudo, a faixa entre a América Latina à Índia e parte da África.
Fonte: Globo Rural
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