quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Cooperativismo forma empresas multibilionárias



Cinco cooperativas do Paraná faturam mais de R$ 2 bilhões por ano. Juntas, Coamo, C.Vale, Cocamar, Lar e Agrária detêm 44% das receitas do setor


O cooperativismo agropecuário do Paraná passou longe do fraco crescimento econômico registrado pelo país no ano passado. O faturamento das cooperativas do estado cresceu 19% sobre 2011, atingindo a marca de R$ 38,5 bilhões. A cifra recorde tem lastro no desempenho das cinco cooperativas multibilionárias do estado. Juntas, Coamo (de Campo Mourão), C.Vale (Palotina), Cocamar (Maringá), Lar (Medianeira) e Agrária (de Entre Rios, distrito de Guarapuava) movimentaram R$ 15,9 bilhões, 44% da receita do cooperativismo estadual.
A atuação do grupo das multibilionárias, que passou a contar com a participação da Cocamar em 2011 e da Lar e Agrária no ano passado, está calçado nos bons preços das commodities e, principalmente, nos investimentos em industrialização. Esse processo, adotado mais fortemente pelas empresas nos últimos anos, amplia a linha de produção e agrega valor aos grãos entregues pelos associados.
“Estamos fazendo um trabalho muito forte para a agroindustrialização do setor como um todo. Essas cooperativas que faturam mais passam a ser modelo para que as demais entrem no processo”, afirma o presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski. “O processo agroindustrial não está concentrado só nas cooperativas que faturam mais de R$ 2 bilhões”, aponta.
As cooperativas do Paraná são as que mais industrializam a produção de seus associados. Hoje, 44% dos grãos passam por algum processo de transformação, dois pontos porcentuais a mais em relação ao índice de 2011.
Entre as 80 cooperativas agroindustriais paranaenses, a Coamo liderou com folga em 2012 ao alcançar receita de R$ 7,15 bilhões. A empresa adotou a industrialização nos mais diversos segmentos no início da década de 80. Desde então, não parou de investir na construção de fábricas.
“Os produtos acabados representam um percentual importante da nossa receita e pretendemos aumentar essa fatia esse ano”, aponta o presidente da cooperativa, que ultrapassou a marca de R$ 2 bilhões de faturamento ainda em 2002, José Aroldo Gallassini. “Temos 40 obras em andamento e uma delas é a construção da fábrica de farinha de trigo com capacidade para processar 500 toneladas por dia”, complementa. A indústria deve ficar pronta no próximo ano ao custo de R$ 80 milhões.
Para Alfredo Lang, presidente C.Vale, segunda cooperativa que mais fatura no estado – ultrapassou R$ 2 bilhões em 2009 e chegou a R$ 3,22 bilhões em 2012 –, a industrialição fortalece a receita e contribui para reduzir os eventuais efeitos negativos do clima nas lavouras. “Nossas atividades são diversificadas. Temos grãos, frangos, leite, suínos, mandioca, máquinas e insumos agrícolas. Isso diversifica a receita”, diz.
A cooperativa da região Oeste do estado continua investindo nas suas indústrias. No momento, o objetivo é ampliar o abatedouro da marca de 320 mil frangos/dia para 400 mil até o final do ano. Outra medida é expandir a rede de supermercados da marca, com a inauguração de uma nova unidade em Palotina, sede da empresa, e aumentar a planta instalada no município de Assis Chateaubriand.
Expansão não implica em concentração de renda, mostram números da última década
Nos últimos dez anos, a participação do grupo multibilionário na receita total do cooperativismo agropecuário paranaense se manteve. Em 2002, as cinco cooperativas mais ricas faturaram montante de R$ 4,8 bilhões, o que representava 45% dos R$ 10,65 bilhões arrecadados pelo setor. No ano passado, o índice foi de 44%, apesar das empresas terem ampliado as receitas em até três vezes na última década.
“O crescimento do faturamento das grandes cooperativas não representa necessariamente concentração de renda. A cooperativa tem que refletir a somatória das economias individuais de seus associados. Pode ser pequena, média, grande e ser muito boa”, argumenta presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Pa­­­­ra­­­­ná (Ocepar), João Paulo Koslovski.
Pioneira
No longínquo ano de 2002, a Coamo foi a primeira cooperativa do estado a assumir a categoria de multibilionária – com faturamento de R$ 2,27 bi. As outras empresas ainda tinham o status de milionárias. Quem mais chegava perto de ultrapassar a fronteira do bilhão era a C.Vale, que contabilizou R$ 844 milhões de receita. Em 2012, a Coamo teve faturamento 215% maior, de R$ 7,1 bilhão.
Outra explicação para a “desconcentração” da receita do setor é o aumento do número de cooperativas no Paraná. No começo da década passada, 202 empresas faziam parte do Sistema Ocepar. Hoje, a entidade conta com 236 empresas associadas. O número chegou a 240 em 2011, mas foi reduzido em função de algumas fusões. “As pequenas crescendo devem ter participação maior, na medida em que entrarem melhor no processo de agroindustrialização”, diz Koslovski.

Fonte: Gazeta do Povo.



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