terça-feira, 19 de março de 2013

Ortigueira turbina produção de mel

Com melhoramento genético de abelhas e unidade de beneficiamento, município lidera ranking nacional e vislumbra exportação


Rodeada por resquícios da Mata Atlântica e florestas plantadas, Ortigueira se tornou um dos polos com maior potencial para liderar o ranking brasileiro de produção de mel. O município, que é forte na pecuária bovina, tem investido cada vez mais na apicultura como alternativa de renda, especialmente às famílias de pequenos agricultores. A vegetação farta na região é um prato cheio para as abelhas, que elevam os índices de produtividade e ganham destaque pela alta rentabilidade que geram aos criadores. Hoje, o município está entre os maiores produtores de mel do Brasil. Coleta cerca de 310 toneladas por ano. Mas isso ainda é pouco se comparado às metas locais.
Como o consumo interno de mel é considerado fraco, o setor vislumbra com o mercado externo. Um Centro de Transferência de Tecnologia Apícola (CTTA), em funcionamento desde outubro, e uma Unidade de Beneficiamento de Mel, que deve ser inaugurada no final deste ano, sustentam as apostas dos 180 apicultores.  O CTTA faz parte de um projeto âncora do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae), que reconheceu o perfil apícola de Ortigueira e levou em consideração o fato de a cidade ter o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná.
Insetos aproveitam florestas plantadas e Mata Atlântica

Em outubro do ano passado, o Sebrae desenvolveu cursos de qualificação com os apicultores. O resultado do apoio está nas 80 caixas de colmeias de propriedade do empresário Julio César Generoso. Ele ainda divide seu tempo entre a fabricação de roupas, no centro, e o apiário a 20 quilômetros da área urbana, mas adianta: “Quero que a apicultura seja a minha atividade principal”. Generoso está entre os produtores de mel que começam a desenvolver técnicas da apicultura moderna, com caixas padrão, e a criar suas próprias abelhas-rainhas.
Júlio Generoso busca apoio em cursos de qualificação

Futuro
A Unidade de Beneficia­mento de Mel é considerada fundamental para aumentar os rendimentos. Hoje, a maioria dos produtores vende o produto para atravessadores, que envasam e certificam o mel para a comercialização. Com a unidade em funcionamento, os apicultores assumirão todo o processo. O terreno da Unidade já está comprado, às margens da BR-376, e o projeto está na fase documental e na liberação de licenças ambientais. A construção da Unidade será possível após o pagamento da indenização coletiva de R$ 1,2 milhão pelo consórcio Cruzeiro do Sul, que alagou apiários de Ortigueira para construir a usina hidrelétrica Mauá.
Décimo maior produtor mundial de mel, o Brasil embarcou 16,6 mil toneladas do produto no ano passado. O volume gerou uma receita de US$ 52,11 milhões, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). O Paraná se destaca no quadro como segundo maior exportador, com 3,02 mil toneladas e US$ 9,7 milhões em faturamento.
A vantagem brasileira, segundo especialistas, é que as abelhas africanizadas são resistentes a doenças e, portanto, o mel é produzido sem o uso de medicamentos. A exportação vem crescendo ao longo dos anos.
Para o presidente da Con­­­­federação Brasileira de Apicultura (CBA), José Cunha, o setor passa por um momento de crescimento, mas é preciso se espelhar nos demais países exportadores, como a China, que têm aumentado gradativamente a produção. “Somos capazes, sim, de dar um passo à frente”, aposta.
Fonte: Gazeta do Povo.


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