quarta-feira, 11 de abril de 2012

Pinhão é vendido, mesmo com proibição


Restrito para a venda até o dia 15, por questões ambientais, alimento é comercializado ilegalmente

“Cuidado, pode conter fungos” ou “ainda verde e amargo”. Esses são alguns avisos que poderiam acompanhar o pinhão vendido nas ruas e mercados do Paraná na primeira quinzena deste mês. Mesmo com colheita e comercialização proibidas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) – para garantir a reprodução da araucária em abril e junho –, a reportagem da Gazeta do Povo flagrou a venda do tradicional alimento. Especialistas consideram o pinhão vendido nesta época do ano impróprio para o consumo.

Órgão vinculado à Se­­cretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do go­­verno do Paraná, o IAP publicou no último dia 3 portaria que permite o comércio do pinhão somente a partir do próximo dia 15. Até lá, a colheita, o transporte, o depósito e o comércio do fruto estão oficialmente proibidos.

Na prática, porém, o pinhão é facilmente encontrado em bancas de frutas ou mercados de Curitiba. Os próprios vendedores do produto admitem que o fruto vendido nesta época do ano não é adequado para consumo. “Eles estão com as pontas esverdeadas, sinal que foram colhidos antes do amadurecimento”, disse um comerciante que preferiu não se identificar. Outros dois ainda revelaram a origem do produto: Quitandinha, Região Metropolitana de Curitiba, e Minas Gerais.

Nenhum dos três vendedores abordados pela reportagem alegou estar informado da proibição. “O IAP só se incomoda quando o pinhão está verde, senão eles não falam nada”, afirmou uma atendente que vendia o fruto fora de época.

Especialistas no cultivo de araucárias desaconselham o consumo do pinhão na forma em que ele está sendo comercializado. “Eles [pinhões verdes] podem carregar fungos patogênicos e colocar em risco a saúde humana”, afirmou Flávio Zanette, professor da pós-graduação em produção vegetal da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Apesar de discordar sobre os riscos à saúde, Clóvis Borges, diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), considera o produto ainda verde impróprio para o consumo pelo paladar. “Seria recomendável boicotá-lo”, argumenta.

Segundo o IAP, a fiscalização pode ser realizada pela Polícia Militar, Ibama e outros órgãos, mas o presidente do instituto faz um apelo à população. “É importante que as pessoas denunciem quando perceberem irregularidades, pois é difícil a fiscalizar todo o estado”, diz Mossato Pinto.

Fonte: Gazeta do Povo.

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