Demanda
externa e quebra na safra sul-americana levam o produto a R$ 60 por saca em
Paranaguá, valor mais alto que o registrado durante o pico da Bolsa de Chicago
em 2008
Enquanto se mantém acima de US$ 14 por bushel nos pregões
norte-americanos, a saca de 60 quilos do produto não é negociada por menos de
R$ 50 desde março no estado. De acordo com operadores, ontem as ofertas de
compra chegavam a R$ 60 por saca no Porto de Paranaguá, a praça mais valorizada
do estado. Em Ponta Grossa (Campos Gerais), o produto nem sequer entra nos
armazéns. Os negócios estão sendo efetivados a R$ 57 por saca, valor bem acima
das maiores médias históricas.
Com uma
produção crescente, o Brasil tem abocanhado fatia cada vez maior das vendas
para a China. Nos três primeiros meses deste ano, os embarques mais que
duplicaram. Mais de 4 milhões de toneladas de soja deixaram o estado nos
primeiros três meses deste ano para alimentar o mercado chinês. No ano passado,
o volume foi de 1,8 milhão de toneladas no mesmo período.
No
primeiro trimestre deste ano, as exportações paranaenses de soja para a China
foram 730 mil toneladas acima do enviado no mesmo período do ano passado,
conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Com isso, a
participação do estado nas compras chinesas, que no ano passado era de 54%,
subiu para 73%. Do 1,3 milhão de toneladas de soja que saíram do Porto de
Paranaguá de janeiro a março de 2012, 1 milhão foi para a China.
“As
condições econômicas e sociais dos chineses vêm melhorando. Então, a tendência
é que o consumo de proteína [carnes] se mantenha elevado no país”, explica
Carlos Alexandre Gallas, operador de mercado agrícola da Intertrading.
Os
números das consultorias confirmam essa tendência. Entre outubro de 2011 e
setembro de 2012, os chineses devem aumentar suas importações para mais de 55
milhões de toneladas, ante 52 milhões consumidas nos 12 meses anteriores.
Para
estimular ainda mais o mercado, os exportadores têm oferecido altos prêmios a
quem tem produto disponível. Atualmente, o vendedor ganha até 70 centavos de
dólar por bushel (27,2 quilos) sobre a cotação da Bolsa de Chicago – R$ 2,8 por
saca de 60 quilos. A previsão do setor é que esse bônus seja mantidos nos
próximos meses.
“O
mercado mundial vai continuar com uma situação de oferta escassa, não tem de
onde aparecer soja”, comenta Steve Cachia, analista da Cerealpar, considerando
a redução de mais de 400 mil hectares na área de soja nos Estados Unidos,
principal produtor mundial.
Paulo
Baraldi, da Soma Corretora, explica que, além da demanda aquecida, a alta dos
prêmios de exportação está atrelada à redução da safra sul-americana na última
temporada por causa da seca. “Muitos negócios foram realizados no passado com
previsão de uma grande safra na América do Sul. De repente, temos uma quebra
acima de 20 milhões de toneladas no continente”, frisa.
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